Volume 1 - Ministério do Esporte
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No que tange a mudanças na forma de administração das<br />
entidades dirigentes estaduais, Proni menciona a experiência da Federação<br />
Baiana de Futebol que, em 1998, contratou diretores remunera<strong>do</strong>s para<br />
profissionalizar sua gestão e a iniciativa <strong>do</strong>s dirigentes de futebol <strong>do</strong> Ceará<br />
que, a partir de 2000, implantaram um modelo de gestão inédito, que mescla a<br />
terceirização <strong>do</strong> torneio estadual com a criação de uma liga empresarial, a<br />
Associação Cearense de Clubes de Futebol.<br />
No entanto, em que pese a tendência moderniza<strong>do</strong>ra em curso no<br />
ambiente futebolístico, fartamente evidenciada no panorama descrito<br />
anteriormente, à medida que o processo avança, fica claro que essa transição<br />
não se completará sem um mínimo de tensões e contradições. A difusão de<br />
uma nova mentalidade de gestão no futebol brasileiro, baseada em princípios<br />
próprios da prática mercantil, de transparência de condutas, de redefinição de<br />
mecanismos de controle nas entidades desportivas, de cumprimento de<br />
obrigações fiscais e previdenciárias, é dificultada pela "ética dual" que<br />
caracteriza o sistema futebolístico em nosso País.<br />
Segun<strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong> sociólogo Ronal<strong>do</strong> Helal, a<br />
organização <strong>do</strong> futebol no País tem si<strong>do</strong> governada pelo poder das relações<br />
interpessoais e da troca de favores, e não pelas regras, regulamentos e leis<br />
impessoais.<br />
Temos aqui uma estrutura <strong>do</strong>minada pela relação para<strong>do</strong>xal<br />
entre joga<strong>do</strong>res profissionais e dirigentes ama<strong>do</strong>res. O dilema<br />
brasileiro torn[a]-se evidente aqui, não somente na relação<br />
entre o joga<strong>do</strong>r profissional (moderno) e o dirigente ama<strong>do</strong>r<br />
(tradicional), mas também no próprio âmbito <strong>do</strong> universo da<br />
classe dirigente permea<strong>do</strong>, por um la<strong>do</strong>, pela política de<br />
compensações e troca de favores, e, por outra, pela demanda de