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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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meio. O Dreamer continuava abertamente a se divertir com minha confusão.

Evidentemente, considerava-a um bom sinal e, em todo caso, um estado já

mais avançado e produtivo da minha estéril normalidade. Sua expressão fezse

intensa.

Coma uma só vez ao dia. Seja frugal. Essa indicação pareceu-me tão

absurda, senão contra a ordem natural, que até receei estar diante de um ser

diabólico, ou do próprio diabo em pessoa. Meu pai Giuseppe muitas vezes

me contou que, durante os anos de guerra, havia assumido por longos

períodos o regime de uma refeição por dia, mas sempre se referiu a essa

experiência como um período de privação. Eu conhecia práticas e períodos de

jejum ritualísticos, ascéticos, religiosos, ligados principalmente a culturas e

tradições quase sempre arcaicas. Não havia, nem de perto, imaginado que tal

disciplina pudesse ser praticada por um ser humano ativo, imerso nos

afazeres e ritmo intenso dos negócios modernos. E para que fim, afinal? O

próprio Ramadan islâmico, mesmo na sua mais rigorosa aplicação, é limitado

a um só mês, o nono, daquele calendário. Pareceu-me inadequado, cruel e até

mesmo danoso à saúde a recomendação de tal esforço. Esse conselho do

Dreamer teve de mim, portanto, uma radical e imediata rejeição.

UM DIA, QUANDO VOCÊ ESTIVER MAIS PREPARADO, SABERÁ QUE ATÉ MESMO UMA

REFEIÇÃO É DEMAIS. OS ÓRGÃOS DE UM SER HUMANO NÃO FORAM CRIADOS PARA

PROCESSAR COMIDA.

“E para quê, então?”, perguntei, mal conseguindo controlar a voz

comprometida pela emoção.

Os órgãos de um ser humano... todos os seus órgãos foram feitos para

sonhar! Essa é a natural função deles, disse com doçura. Quando o corpo está

em jejum, o rosto se sutiliza... a mente fica lúcida, pronta... veloz... as células

agradecem, regeneram-se; começa, assim, um processo de cura, um

renascimento do ser que se materializa antes no corpo e depois no mundo dos

eventos.

Fascinado, ouvi a mesma história que já havia visto nos ensinamentos

de Lupelius, das antigas escolas de invulnerabilidade que conheciam o

segredo de uma alimentação mais sutil. Os soldados macedônios, séculos

antes das conquistas de Alexandre, eram, desde então, considerados os

guerreiros de hábitos mais moderados. Ao mesmo tempo, eram os mais

temidos pela coragem e insuperável valor. O próprio Alexandre, mesmo

suportando ao lado de seus homens todos os esforços, até os mais árduos, não

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