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Um mundo sem fome

QUANDO VOCÊ DEIXAR DE ACREDITAR EM UM MUNDO EXTERNO COMO FONTE DA

SUA SUBSISTÊNCIA, NÃO PODERÁ MAIS SE ALIMENTAR DO RELES, DO GROSSEIRO... POR

MEIO DA ELEVAÇÃO DA QUALIDADE DO SER, POR INTERMÉDIO DE UM NOVO MODO DE

PENSAR, SENTIR, RESPIRAR, AGIR, UMA HUMANIDADE MAIS RESPONSÁVEL DESCOBRIRÁ UMA

FONTE ALTERNATIVA DE ALIMENTAÇÃO. ESSA COMIDA, QUE É A NOSSA VERDADEIRA

NUTRIÇÃO, NASCE DE NÓS MESMOS, E TORNARÁ A SER ACESSÍVEL QUANDO FOR A VONTADE

A GOVERNANTE DA NOSSA VIDA, E NÃO A DESCRIÇÃO DO MUNDO.

De repente, antes mesmo que aquela explicação se tornasse clara,

senti o diálogo interno aquietar-se. Apenas uma espécie de pranto prolongouse

um pouco mais, como o último compasso de um capricho infantil; depois,

até mesmo este cessou.

Recordei as recomendações dos mitos do Classicismo e a crença dos

gregos antigos para que na mesa dos deuses não estivessem os mesmos

alimentos dos mortais, mas néctar e ambrosia. Recordei que os hebreus do

Êxodo, homens em fuga em direção à liberdade, foram providos por um

alimento oferecido do alto.

Imaginei o inimaginável: uma civilização sem comida. Um mundo

sem fome. Então, dei-me conta da enormidade do espaço, do tempo, que a

comida ocupa na nossa vida, dos recursos que absorve. Convictos de que sem

recorrermos a alimentos do externo não podemos sobreviver, perseguidos

constantemente pelo espectro da fome, sem perceber fazemos toda a nossa

vida girar em torno da comida, transformando-a em um pensamento

obsessivo, uma molesta atividade de dimensão mundial. Senti-me esmagado

pela visão de milhões de seres obstinados no trabalho para cultivá-la,

produzi-la, cuidá-la, comprá-la... e exauri-la. Imaginei como seriam as

cidades sem lojas de alimentação, sem restaurantes e supermercados, e tive

uma visão do dia seguinte, ao pensar na nossa vida com as despensas

desocupadas, as geladeiras vazias, as mesas nunca preparadas, os negócios

sem almoços, os namoros sem jantares à luz de vela, as famílias sem a figura

paterna à cabeceira da mesa, e aquele cadenciado ritmo das refeições. O que

preencheria o vazio de espaço e tempo deixado por essa ausência?

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