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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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despreparado. Tive vergonha da minha reação, das emoções que eu estava

vivendo, e isso aumentou a dor daquela divisão. O espaço infinito de poucos

passos do Dreamer me impôs a mudança. Inverti a direção da minha atenção,

dirigindo-a do externo para o interno. No momento seguinte ao que observei

aquelas emoções, elas empalideceram e se dissiparam. Restou, enfim, o

fascínio por aquela descoberta; reconheci a riqueza da oportunidade de

finalmente conhecer homens e mulheres que, como eu, haviam encontrado a

Escola.

Tive a sensação de viver uma experiência virtual, de estar imerso em

um espaço teatral em que a linha limítrofe entre ator e espectador era

continuamente transgredida, ficando todo o tempo intrigantemente incerta.

Um teatro do absurdo estava levantando sua cortina e revelando os contornos

de uma realidade separada. Éramos páginas viventes de um roteiro

desconhecido, pinceladas de uma pintura que ninguém de nós podia

compreender. E agora, diante do Artista-autor-criador esperávamos conhecer

o nosso destino.

Concentrei-me nos convidados, observando-os com a maior atenção.

Cada um daqueles homens e mulheres era uma autoridade reconhecida no

próprio meio. Bruno W. era um homem de meia-idade, grande e imponente,

mas afável, aparentemente simples nos modos e na linguagem, mas decidido

e positivo. A barba grisalha de alguns dias deixada elegantemente por fazer

dava-lhe um ar relaxado e refletia um outro aspecto do seu caráter de homem

simples, um pouco infantil. Sua mulher, Rebecca, era esguia, de uma

magreza quase doentia, mas com a energia concentrada de uma mulher de

negócios internacional. Passava parte do ano na Toscana administrando uma

área da família no campo e uma fazenda vinícola. Klaus E. tinha o aspecto de

um aventureiro gentleman, de modos elegantes, cosmopolita, luminoso. Sob a

aparência frívola e a superficialidade da sua conversa, escondia, como uma

lâmina na bainha, uma inteligência afiada a serviço de uma forte ambição.

Peter C. revelou-se um vibrante Chénier,17 de linguagem refinada e ideias

visionárias. Sua jovem mulher, Susan, olhava-o

estática e com muita admiração.

Diante do Dreamer, estávamos nus. De cada um conhecia as

capacidades, os limites e o lugar que ocupava na economia de uma obra

perfeita. Juntos formávamos uma espécie de teclado sobre o qual estava

criando, compondo a obra-prima que Sua inspiração havia concebido.

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