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Estados e eventos (1)

O ser é feito de estados, e a vida, de eventos. Nossa existência, então,

corre paralelamente sobre dois trilhos: o dos eventos, que são a sucessão de

acontecimentos e circunstâncias que, durante nossa vida, chegam até nós

sobre esteiras rolantes de tempo-espaço, e aquele dos estados, que são os

movimentos interiores, os humores, os estados de ser que acontecem dentro

de nós de um modo quase sempre inesperado. A história pessoal de um ser

humano é, portanto, feita horizontalmente de eventos e, verticalmente, de

estados. Porém, as pessoas normalmente pensam na própria vida e falam

sobre ela como se fosse constituída somente de eventos externos. Na verdade,

o tipo de evento que se manifesta e, por conseguinte, a qualidade da vida

externa, depende da qualidade dos pensamentos e dos estados do ser. A vida,

então, é feita de eventos, mas, ainda mais, de estados. Cada um de nós, por

exemplo, quando vai assistir a uma conferência ou vai ao teatro, acredita

escolher onde se sentar; cada um acredita ter, nesta manhã, escolhido a roupa

que vestiu. Na realidade, não fomos nós que fizemos a escolha do lugar ou da

roupa, mas sim nossos estados de ser.

É fácil observar que todos têm no guarda-roupa um terno, uma

camisa ou algum outro item que, por qualquer razão, sentem até certa aversão

e nunca têm vontade de usar. Porém, não se desfazem daquela roupa, porque

sabem que, cedo ou tarde, encontrar-se-ão em um estado de ânimo, em um

certo humor ou estado de ser que encontrará correspondência com aquele

objeto. Quando nos sentimos daquele modo escolhemos aquele objeto.

A relação que liga estados e eventos, circunstâncias internas e eventos

externos, o misterioso relacionamento que existe entre a psicologia de um ser

humano e as coisas que lhe acontecem é o núcleo da questão do livre-arbítrio

e do milenar enigma: o destino é sujeito ao acaso ou à necessidade? Em torno

desse enigma, os homens acumularam, ao longo do tempo, os conhecimentos

de uma grande ciência hoje desconhecida.

Para os antigos gregos existia uma relação de causa e efeito entre

acontecimentos internos e eventos externos. Aquela civilização arcaica

acreditou firmemente que o destino de um ser humano era uma projeção do

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