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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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convicções para por meio deles sentir e pensar. A aprendizagem disso é uma

questão complexa. Frequentemente, um só papel pode exigir de alguém a sua

prática e aplicação durante toda uma vida, e esta pode passar sem que na

pessoa amadureçam a vontade e a responsabilidade suficientes para poder

superá-lo e ir além.

Disse-me que todo ser, pelas necessidades de sua existência comum,

aprende e exercita um número limitado de papéis, cinco ou seis no máximo.

Ao se modificarem as circunstâncias, ele passa de um ao outro como um

autômato, sem intencionalidade, condicionado pela mudança das condições

externas. Ao contrário de quanto ele possa acreditar, isso não tem nada a ver

com liberdade de decisão.

Liberdade significa interpretar intencionalmente qualquer papel sem

ser prisioneiro, enunciou. Em um ser comum, esta capacidade, já quase nula,

com a idade diminui sempre mais e mais, até desaparecer. A consequência é

que, quando se apresentam situações apenas diferentes das habituais, fora

daqueles poucos papéis que já conhece, ele não sabe mais que máscara usar.

Percebi que esta é a razão pela qual nos sentimos continuamente

deslocados,

incomodados, ameaçados. Não sabendo qual máscara usar, não

encontrando opção no nosso repertório, mostramos nossos limites como o cão

de Pavlov que indeciso entre o círculo e a elipse enlouquece. Então cada

faculdade – mental, física e emocional – caminha por conta própria;

pensamentos, emoções e ações entram em um relacionamento espasmódico, e

tornamo-nos uma marionete biológica. Sentimo-nos nus e terrivelmente

envergonhados. O desejo é o de fugir. Porém são esses os momentos em que,

através de um interstício entre a pele e a máscara, é possível observar-nos e

reconhecer nossa essência, nossa parte mais verdadeira.

Quem percebe que tem um limitado repertório de papéis e reconhece

a tirania dos vínculos que eles impõem à sua ação já deu os primeiros passos

em relação à liberdade.

Mas o ser humano comum, imerso em um sono hipnótico, embalado

por um canto de negatividade, continuará – por mais terrível que seja a sua

vida – a mentir a si mesmo, continuará a ceder... e não encontrará nunca a

energia suficiente para evadir-se.

O papel é um jogo prazeroso, se interpretado. Identificar-se, esquecer

o jogo é fatal.

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