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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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O jantar com o Dreamer

Tive de controlar minha impaciência para não chegar muito cedo ao

Veronica’s. O salão do restaurante estava cheio. Sentado a uma mesa

ricamente preparada, o Dreamer estava rodeado pelas gentilezas da

proprietária e pela febril precisão de um grupo de garçons. Às vezes, como

um pelotão militar, enfileiravam-se para, religiosamente, escutar Suas ordens

e minuciosas recomendações; depois, todos juntos, retomavam sua dança

operosa. O Dreamer vestia um terno preto, de um estilo sem tempo, com os

longos cabelos presos na nuca. Sob a echarpe de seda distinguia-se a camisa

valorizada por uma fita de veludo preto. Surpreendeu-me que não estivesse

sozinho. Estavam com Ele quatro homens e três mulheres: Bruno e Rebecca

W., proprietários de uma importante agência de publicidade de Zurique;

Klaus E., de Frankfurt, fundador da Robotronic e presidente de uma fundação

internacional ativa no campo da pesquisa biológica; Ben F., decano

acadêmico de uma universidade britânica, aparentemente o mais estranho do

grupo: o talhe oriental de seu traje ressaltava um imponente físico de atleta,

surpreendentemente distante do perfil, da linguagem corporal de um

intelectual. Ao seu lado, Linda, atraente e de aspecto determinado,

especialista em recursos humanos, fundadora e proprietária de duas agências

de headhunter com sede em Londres e Nova York. E finalmente, um jovem

casal de origem irlandesa, Peter C. e sua mulher Susan, de ar tímido e

reservado. Senti por eles uma instintiva simpatia. Católico ele, filha de um

pastor protestante ela, trabalhavam os dois num projeto europeu junto a um

histórico colégio de Regent’s Park. A atitude do grupo em relação ao

Dreamer indicava deferência e familiaridade ao mesmo tempo. A presença

inesperada daquelas pessoas fez explodir sentimentos que havia muito não

mais sentia, emoções que eu acreditava já ter superado há tempos:

ressentimento por aquela intrusão, mas também ciúmes e inveja pelo aspecto

opulento que ostentavam, e pela aura de resplendente sucesso que os

envolvia. Aquela luminosidade me obscurecia. Certo, eu tinha sempre

pensado que o Dreamer tivesse outros estudantes, e muitas vezes fantasiei

que os conhecia; mas encontrá-los, assim, sem nenhum aviso, pegava-me

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