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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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estavam se compondo, indo ocupar um a um seu lugar. Reencontrar aquele

manuscrito e retornar ao Dreamer eram uma só coisa para mim. Eu não tinha,

na verdade, outro modo para revê-Lo. Este pensamento renovava minhas

energias para prosseguir na pesquisa que Ele me confiara.

Dos conhecimentos que pouco a pouco eu acumulava e dos elementos

da filosofia de Lupelius que duramente eu conseguia recolher emergiam o

pensamento e o caráter de uma grande Escola de princípios tão possantes

quanto os muros de uma cidade imortal. Depois de mais de mil anos, os

fragmentos daquele ensinamento ainda geravam uma luz que contrastava

fortemente com o mar de dissolução social e moral do mesmo período.

A figura de Lupelius, servidor do mundo, apaixonou-me subitamente.

Desde o início da minha pesquisa, experimentei pelo desconhecido filósofo

uma crescente admiração. Quanto mais eu me aproximava dele e de sua

missão, mais eu via aquela figura de pensador elevar-se solitária acima dos

homens e acontecimentos. Sua Escola destacava-se como rocha sobre um mar

de ignorância e superstição. Seu pensamento atravessava como um fio de

ouro as tramas de uma história de crimes e infortúnios. De sua vida não

consegui saber muito mais, com exceção do período em que foi à Corte de

Carlos, o Calvo, na França. Lupelius foi uma figura singular, um filósofo de

ação sem par. Não tinha hábitos nem rotinas. Dizia-se que podia resistir ao

sono indefinidamente. De qualquer modo, ninguém jamais o viu dormir. O

sono nos enfraquece, mente e corpo, dizia aos seus discípulos, e com seu

senso de humor irlandês completava: O sono é tão-somente um mau hábito.

Uma de suas atitudes mais peculiares era andar pelos mercados, pelos

lugares mais perigosos e mal-afamados das cidades da Europa. Ali, nas

condições mais adversas, iniciava seus discípulos em uma nova maneira de

pensar e de sentir, subvertendo seus esquemas mentais e a mesquinha

descrição do mundo que ainda conservassem. Ali, sua loucura luminosa

transformava aquele mundo feito de trapaceiros e criminosos, de armadilhas e

emboscadas, em uma Escola de impecabilidade. Usava os estratagemas mais

astutos para erradicar arraigadas convicções e eliminar de seus processos

psíquicos o lodo emocional.

Na sua Escola forjaram-se homens extraordinários, guerreiros

invencíveis. Lupelius valia-se de engenhosas técnicas de ensinamento e

purificação que ele mesmo criava. Vestia-se de escravo, vagabundo, político,

banqueiro, rico comerciante, e usava estrategicamente esses papéis. Fosse a

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