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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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Lupelius

Naquele mesmo dia, comecei a pesquisa sobre a antiga Escola e sobre

o manuscrito do qual o Dreamer me havia falado. A obra que havia pedido

que eu encontrasse, A Escola dos Deuses,7 fora escrita no século IX pelo

monge-filósofo Lupelius, um espírito livre medieval, nativo do refúgio de

homens cultos que foi a Irlanda daqueles anos obscuros: uma terra de

cruzamentos de culturas e de tradições, atormentada pela guerra e por todos

os tipos de contrastes. Da vida de Lupelius não se sabe muito e, do pouco que

se conhece, não há muitas certezas. Poucos foram os documentos que pude

encontrar e, ainda assim, nem sempre confiáveis. Desde a adolescência, foi

encaminhado pelo pai à arte da guerra, cercado pelos mestres mais notáveis e

submetido à disciplina mais severa. Ainda muito jovem abraçou a vida

monástica e retirou-se à vida ascética nas montanhas de Bet Huzaye, atual

Kuzestão, então alvo de anacoretas provenientes de todas as regiões da

cristandade. Da sua formação religiosa e espiritual sabe-se que, em seguida,

entrou no vizinho monastério de Shaban Rabbur. Encerrado por anos na

extinta biblioteca do mosteiro, estudou com afinco as Sagradas Escrituras, os

Padres Gregos e os grandes místicos de todos os tempos, de Orígenes e João

de Apamea8 aos Padres do Deserto.9 Dos estudiosos de filosofia medieval

que consegui interrogar nas semanas seguintes obtive a confirmação que do

manuscrito original da sua única obra havia séculos já não existiam traços.

Investiguei nas bibliotecas das grandes universidades, contatei

institutos de filosofia, estudiosos e pesquisadores. Estendi minha busca

também à Europa, mas sem resultados. Perseguindo uma enésima pista, no

Dublin Wrighter’s Museum, na Irlanda, pude, enfim, apurar que eles haviam

guardado uma cópia, a única de que se tinha conhecimento. Porém, havia

anos que também esta tinha desaparecido, engolida pela areia do tempo.

Os obstáculos e as dificuldades que eu enfrentava estimularam meu

empenho e minha determinação. No encalço daquele ensinamento perdido,

cada indício, cada novo encontro colocava ordem na minha existência.

Como se seguissem os contornos de um precioso desenho, os

fragmentos da minha vida, peças esparsas de um mosaico desconhecido,

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