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A-Escola-dos-Deuses-Formacao-Elio-DAnna

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retorno.

Naquele momento, percebi que o encontro com o Dreamer estava

acontecendo em uma parte da Sua residência que eu não conhecia. Não mais

no cômodo de pavimento branco, nem na estufa de imensas vigas com a

piscina central e as refinadas esculturas, mas num amplo sótão de teto

revestido em madeira de lei, decorado em estilo colonial. Estava sentado ao

centro de um divã branco de bambu finamente entrançado, tão grande que

ocupava toda a parede. Um quadro branco e preto evocava um mundo à

Steinbeck.

Fez outra pausa. Pareceu ponderar a minha capacidade de poder

receber e sustentar aquilo que estava por me dizer. No ar uma vibração

especial prenunciava a importância daquele momento grave. Eu tinha

chegado a uma outra encruzilhada da existência, em que ou se avança ou se

perde tudo. Estava novamente à margem de um abismo. Precipitar nele

poderia significar não vê-Lo mais. Quando retomou, respirei profundamente

para repor minhas forças.

Cada passagem é a superação de si mesmo! Vigiando alguns mundos

superiores, algumas faixas mais elevadas da existência, há seres monstruosos,

inimigos milenares, terríveis e ilusórios como os seus medos... Era fogo

líquido que me escorria nas veias, devorando-me. Um dia você deverá

enfrentá-los.

Não podia mexer um músculo. Permaneci assim por um longo tempo,

imóvel. Sentia sobre cada centímetro do corpo a pressão de uma força

desconhecida que impedia qualquer movimento. Finalmente, como se sob um

comando invisível, senti-me liberado. Cautelosamente, fiz os primeiros

movimentos para liberar-me daquela pele de impotência e abandoná-la como

uma exúvia. Agora eu podia levantar a cabeça, e o fiz lentamente. Ainda não

ousava dirigir livremente o olhar ao redor, mas notei que desta vez havia uma

boa luz, e podia ver com clareza cada detalhe do ambiente. A fonte daquela

luz, eu estava certo, não era o Sol. O novo dia ainda estava fora, pendurado

nos vidros das janelas mais a leste, sem se decidir a entrar. De um modo

misterioso, a luminosidade daquele ambiente dependia de mim! Podia

aumentá-la ou reduzi-la, e o fiz várias vezes acionando mentalmente um

dimmer invisível.

Experimentava esse curioso poder quando um pensamento me

assaltou com a força de uma verdade devastadora. O Universo dependia de

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