inquérito ao sector do livro parte i - Observatório das Actividades ...
inquérito ao sector do livro parte i - Observatório das Actividades ...
inquérito ao sector do livro parte i - Observatório das Actividades ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1.3. O SECTOR DO LIVRO<br />
A característica diferenciação nas indústrias culturais entre grandes (majors) e pequenas<br />
(independentes, alternativas) empresas está, como seria de esperar, igualmente presente no<br />
<strong>sector</strong> <strong>do</strong> <strong>livro</strong>.<br />
42<br />
Commentators generally agree on the fact that small literary publishing houses are more qualified to<br />
play the role of “discoverer”, which is necessary in order to innovate in the <strong>do</strong>main of books of quality<br />
– all the more since the big and middle‐size publishers, confronted with the competition of the groups,<br />
tend to aban<strong>do</strong>n this function, preferring to confine themselves to reliable values and to administrate<br />
the acquirements over the quest of innovation (Bourdieu, 1999: 4). These small publishers have to<br />
face material difficulties that the concentration of the publishing <strong>sector</strong> and of the distribution has<br />
multiplied (Schiffrin, 1999). In the case of big and middle‐size publishing houses, the tendency to<br />
delegate the selection and the representation of authors to specialized agents – scouts attached to the<br />
house or independent literary agents – results from this <strong>do</strong>uble principle of taking risks and the need<br />
to build the name like a label of quality (Sapiro, 2003: 455).<br />
De um mo<strong>do</strong> geral, a indústria cultural <strong>do</strong> <strong>livro</strong> é conceptualizada enquanto sistema dual,<br />
composto por novas editoras que empreendem estratégias de diferenciação face <strong>ao</strong>s grandes<br />
grupos. Pequenos e muito pequenos editores, fortemente especializa<strong>do</strong>s, dirigi<strong>do</strong>s a nichos de<br />
merca<strong>do</strong>, geralmente com uma baixa produção de títulos versus as grandes empresas que visam<br />
os merca<strong>do</strong>s nacionais e internacionais, com produtos estandardiza<strong>do</strong>s de grande série<br />
(Legendre, 2006).<br />
Sophie Noël (2006) – tal como, aliás, Barluet (2007: 16) – apresenta o campo da edição francesa<br />
como um oligopólio com franjas, isto é, uma estrutura assimétrica onde coexistem <strong>do</strong>is grandes<br />
grupos <strong>do</strong>minantes (Hachette e Editis), com um pequeno leque de editoras independentes de<br />
média dimensão (Gallimard, Albin Michel, Flammarion, etc.) e com uma multiplicidade de<br />
estruturas mais ou menos «artesanais» – que não pertencem a nenhum grupo empresarial e/ou<br />
sem a participação de capital exterior –, financeiramente frágeis, praticamente no polo oposto<br />
<strong>ao</strong> movimento de racionalização económica <strong>do</strong> <strong>sector</strong>. O mo<strong>do</strong> de funcionamento não<br />
hierarquiza<strong>do</strong> é outra <strong>das</strong> características sublinha<strong>das</strong> por Noël.<br />
A estrutura <strong>do</strong> <strong>sector</strong> editorial é assim caracterizada como sen<strong>do</strong> um oligopólio com franjas, em<br />
que um pequeno conjunto de grandes empresas concentra a maioria <strong>do</strong>s movimentos <strong>do</strong><br />
merca<strong>do</strong> e que, normalmente, estão verticalmente integra<strong>das</strong>. À sua volta orbitam pequenas ou<br />
médias estruturas que se encontram dependentes em termos de distribuição, constituin<strong>do</strong> a<br />
franja concorrencial. Esta franja é a responsável pelas formas mais inova<strong>do</strong>ras de lidar com o<br />
produto na sua fase de produção, estratégia que não é a<strong>do</strong>tada pelas grandes empresas onde