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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que este levaria a sério a exigência de universalização para se concentrar sobre as<br />

condições de pôr <strong>em</strong> contexto essa exigência” 313 .<br />

Para engendrar essa reformulação, Ricoeur substitui a oposição entre<br />

argumentação e convenção pela dialética da argumentação e convicção, que produz resultado<br />

prático no julgamento moral <strong>em</strong> situação. Como a argumentação não passa de um jogo de<br />

linguag<strong>em</strong> abstrato <strong>em</strong> virtude de sua exigência de universalização, ela faz recurso a outros<br />

jogos (como, por ex<strong>em</strong>plo à narrativa de uma vida), porque é sobre assuntos da vida que se<br />

deve discutir. É por isso que<br />

103<br />

a argumentação coloca-se não somente como antagonista da tradição e da<br />

convenção mas como instância crítica operando no seio de convicções que<br />

ela t<strong>em</strong> por tarefa não eliminar mas levar à categoria de “convicções b<strong>em</strong><br />

pesadas”, o que Rawls chama um equilíbrio refletido. Um tal equilíbrio<br />

refletido entre a exigência de universalidade e o reconhecimento das<br />

limitações contextuais que o afetam é que é o lance do julgamento <strong>em</strong><br />

situação [...] 314 .<br />

Assim, pois, as convicções não pod<strong>em</strong> deixar de ser consideradas, porque<br />

expressam posicionamentos que concorr<strong>em</strong> para avaliações dos bens diversos da praxis e da<br />

concepção individual e coletiva de uma vida completa. Elas compõ<strong>em</strong> a argumentação porque<br />

o que s<strong>em</strong>pre se discute é “[...] a melhor maneira de cada parceiro do grande debate visar,<br />

para além das mediações institucionais, a uma vida completa com e para os outros, nas<br />

instituições justas”. Destarte, a conjugação entre deontologia e teleologia se dá de forma<br />

máxima – e igualmente frágil – “no equilíbrio refletido entre ética da argumentação e<br />

convicções b<strong>em</strong> pesadas” 315 .<br />

Ricoeur apresenta um ex<strong>em</strong>plo disso na discussão acerca dos direitos humanos, os<br />

quais, a despeito de ser<strong>em</strong> confirmados pela maioria dos Estados, são apontados como<br />

produto da cultura ocidental. Diante dessa situação, Ricoeur conserva a pretensão universal de<br />

alguns valores nos quais o universal e o histórico se entrecruzam para, então, disponibilizar<br />

essas pretensões à discussão no nível das convicções acerca das formas concretas de vida –<br />

exigindo que as partes admitam a presença de outros universais <strong>em</strong> potência subjacentes a<br />

313 RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.335.<br />

314 Id., p.336.<br />

315 Id., p.336s.

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