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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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Hermèneutiké apareceu incipient<strong>em</strong>ente no Corpus platônico de forma<br />

equivalente à mantiké (arte de profetizar), a qual caberia tanto ao insano (incapaz de julgar a<br />

verdade) quanto ao profeta (provido de competência racional). Ambos os saberes eram<br />

considerados incapazes de conduzir à sofía (sabedoria), porque o intérprete só é capaz de<br />

entender o que é dito. Na obra Ion, Platão (428/427-347 a.C.) relaciona o hermeneuta ao<br />

profeta pelo fato de possuir o caráter de mediador – tanto entre os deuses e os homens, quanto<br />

entre os homens e o insano mediador 5 .<br />

Em Aristóteles (384/383-322 a.C.), hermeneia está presente <strong>em</strong> um dos tratados do<br />

Organon aristotélico, a obra lógico-s<strong>em</strong>ântica Пερì έρµηνείας (Peri hermeneias), que fora<br />

traduzida para o latim como De interpretatione ou Hermeneutica. Sua acepção é a de<br />

significação (comunicação) dos conteúdos da alma ao exterior, o que equivale à phoné<br />

s<strong>em</strong>antiké (denominada pelos latinos como vox significativa): qualquer som vocal dotado de<br />

significado. Trata-se, pois, de uma mediação entre o pensamento e os destinatários 6 .<br />

Para o Estagirita, os termos e as orações (logos) são hermeneia, sobretudo aquelas<br />

declarativas ou assertivas (apophansis) – cuja função é “dizer algo de alguma coisa” – que<br />

seriam a hermenêutica autêntica, porquanto são as únicas orações cuja verdade ou falsidade<br />

pode ser d<strong>em</strong>onstrada logicamente. Uma vez que Aristóteles centrou a interpretação no que é<br />

unívoco lógica e ontologicamente – “não significar algo uno é nada significar<br />

absolutamente” 7 – com o desenvolvimento da noção de “analogia do ser” houve uma abertura<br />

à poliss<strong>em</strong>ia, não como uma anomalia no discurso, mas como algo inevitável 8 .<br />

1.1.2 – A exegese bíblica – Fílon, Orígenes, Agostinho, Lutero e Flacius<br />

Posteriormente, foram esboçadas várias definições de hermeneia: “o ‘logos’<br />

expresso <strong>em</strong> palavras”, para Fílon de Alexandria; (por volta de 13-54 d.C.); correlativamente,<br />

5<br />

Cf. GRONDIN, op. cit., p.52-54; MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001, vol.<br />

3, p.2283.<br />

6<br />

Cf. GRONDIN, op. cit., p.52-53; MORA, op. cit., vol.1, p.181.<br />

7<br />

ARISTÓTELES apud RICOEUR, Paul. Da interpretação. Ensaio sobre Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977,<br />

p.29.<br />

8<br />

Cf. RICOEUR, Da interpretação, p.30; Cf. MORA, op. cit., p.1326.<br />

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