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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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principal probl<strong>em</strong>a nela refere-se à busca de uma hermenêutica específica das ciências do<br />

espírito 56 .<br />

Gadamer aprofundou as objeções de seu mestre ao historicismo e fez disso sua<br />

principal <strong>em</strong>presa filosófica, negando a concepção historicista e positivista de que as ciências<br />

do espírito deveriam elaborar seus próprios métodos para gozar do status científico. Baseado<br />

<strong>em</strong> conceitos e argumentos do cientista natural Helmholz, Gadamer afirmava que os métodos<br />

– cuja base seria a indução lógica – não seriam adequados às ciências do espírito, as quais<br />

deveriam operar de acordo com uma “indução artística”, um “tato psicológico” s<strong>em</strong> regras<br />

definidas. Destarte, ele propôs uma hermenêutica própria das ciências do espírito, como um<br />

modo de compreensão dessas ciências proporcionado pela interpretação de suas tradições,<br />

indo de encontro a Dilthey, Misch, Rothaken, Weber e neokantianos, numa proposta de<br />

retornar à tradição humanística silenciada por Kant – que promoveu a estetização e<br />

subjetivação do juízo e do gosto, os quais foram destituídos da função de conhecimento que<br />

até então possuíam 57 .<br />

É sobretudo na segunda seção de Verdade e método que tratou-se da<br />

especificidade hermenêutica das ciências do espírito. Dentre as várias aporias do historicismo<br />

apresentadas, a mais fundamental e contundente é a que se refere ao fato de o historicismo<br />

supor um saber absoluto da História, não obstante reconheça a historicidade universal do<br />

saber humano – o que implicaria que também o historicismo seria derivado de seu t<strong>em</strong>po,<br />

notadamente cientificista 58 .<br />

Para Gadamer, a historicidade não é limitação à compreensão, mas princípio dessa.<br />

Não seria necessário, pois, buscar métodos para desfazer a <strong>subjetividade</strong>, como se o intérprete<br />

pudesse ser tabula rasa; a compreensão é s<strong>em</strong>pre situada e o sujeito, tabula plena. Muito<br />

próximo à proposta heideggeriana, ele afirmou que os preconceitos não deveriam ser<br />

simplesmente afastados, antes reconhecidos e elaborados pela interpretação. O risco de préconcepções<br />

enganadoras estaria s<strong>em</strong>pre presente, o que exigiria elaboração constante dos<br />

56 Cf. REALE, Miguel e ANTISERI, Dario. História da Filosofia. vol. 3 [Do romantismo até nossos dias]. 2.ed.<br />

São Paulo: Paulus, 1991, p.627s; GRONDIN, op. cit., p.179; MORA, op. cit., vol.2, p.1166; UOL últimas<br />

notícias. Disponível <strong>em</strong>: < http://noticias.uol.com.br/ajb/2002/03/14/ult463u12185.jhtm>. Acesso <strong>em</strong>: 11 jul.<br />

2005.<br />

57 GRONDIN, op. cit., p.181-185; Cf. MORA, op. cit., vol.2, p.1327.<br />

58 GRONDIN op. cit., p.185-187.<br />

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