18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

suporia desde o início uma prevenção do intérprete ante a equívocos. Destarte, a interpretação<br />

deveria ser o primeiro e contínuo passo para o intérprete diante de qualquer discurso. Eis,<br />

pois, a universalização do mal-entendido, que jamais poderia ser considerado totalmente<br />

excluído: “[...] a não-compreensão não quer nunca dissolver-se totalmente” 36 .<br />

A postura hermenêutica adotada de Schleiermacher foi a de estabelecer uma<br />

reconstrução: “entender o discurso tão b<strong>em</strong>, e depois melhor do que seu autor”. O intérprete<br />

não deveria, assim, imbuir um sentido ao objeto estudado, mas sim reconstruir um sentido tal<br />

como ele se mostra nesse objeto desde o ponto de vista do autor. A melhor compreensão seria,<br />

portanto, uma “tarefa infindável”, o que implicaria no esforço de s<strong>em</strong>pre continuar<br />

interpretando 37 .<br />

Schleiermacher não se preocupou <strong>em</strong> estabelecer regras para aplicar as regras<br />

hermenêuticas – como, por ex<strong>em</strong>plo, a explicação de passagens dentro de um contexto. Sua<br />

grande e inovadora contribuição foi na parte da “técnico-psicológica” da interpretação, na<br />

qual apresentou como obrigatório o processo de “adivinhação”: caberia ao intérprete, após<br />

esgotados os recursos gramaticais, defrontar-se com as particularidades do autor e procurar<br />

adivinhar (divinare) o que ele desejara dizer – o algo pensado. Muito relevante nesse autor é a<br />

dialogicidade de sua hermenêutica: para entender um texto, deve-se fazer um colóquio com<br />

ele e “ler entre as linhas” o pensamento interior – a comunicação de uma alma 38 .<br />

1.1.6 – Hermenêutica historicista – Boeckh, Droysen e Dilthey<br />

Se Schleiermacher apontou a insegurança da <strong>subjetividade</strong> como fonte de<br />

equívocos, no Historicismo a causa dos equívocos sofreu um desvio, igualmente de caráter<br />

particular: a compreensão conforme uma época específica, isto é, de acordo com um período<br />

histórico definido 39 .<br />

36<br />

Cf. GRONDIN, op. cit., p.126-128.<br />

37<br />

Cf. Id., p.128.<br />

38<br />

Cf. Id., p.128-130. Grondin apresenta a hipótese de que Schleiermacher não teria publicado seus escritos<br />

justamente devido à sua prescrição da compreensão divinatória, que escaparia do programa de uma teoria<br />

regulamentada (p.130).<br />

39<br />

Cf. Id., p.135-137.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!