18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da riqueza lingüística, mormente da probl<strong>em</strong>ática do símbolo. A compreensão, para ele, t<strong>em</strong><br />

como meio a interpretação e “substitui o mundo natural do corpo e da coisa pelo mundo<br />

cultural do símbolo e do sujeito, [sic] por um mundo da vida cultural” 96 .<br />

O intento <strong>ricoeur</strong>iano não é o de pôr termo à questão hermenêutica; ele próprio<br />

afirma que “não há hermenêutica geral, não há Cânon universal para a exegese, as teorias<br />

separadas e opostas dizendo respeito às regras da interpretação” 97 . Nessa postura, o autor<br />

assumiu um caminho ontológico e epist<strong>em</strong>ológico a que chamou “via longa”: se <strong>em</strong><br />

Heidegger e Gadamer desenvolveu-se a “via curta”, separando-se a Filosofia das Ciências,<br />

Ricoeur apresenta uma nova proposta 98 .<br />

2.1.1 – A proposta de círculo hermenêutico<br />

O leitmotiv “explicar mais para compreender melhor” traduz a proposta<br />

<strong>ricoeur</strong>iana de que a “verdade” e o “método”, isto é, a explicação (dimensão científica) e a<br />

compreensão (dimensão filosófica), formam um único círculo hermenêutico: duas forças<br />

dialéticas que compaginam no trabalho de interpretação. É esse o seu projeto de uma<br />

“epist<strong>em</strong>ologia da interpretação”, dirigido à constituição de uma hermenêutica metódica 99 .<br />

Essa superação da antinomia explicação-compreensão proposta por Dilthey é<br />

basilar no pensamento <strong>ricoeur</strong>iano e revela <strong>em</strong> seu esforço de fundamentar as ciências de<br />

forma que ambos os movimentos teriam o mesmo valor, mas possuiriam características<br />

diametralmente opostas. Tal proposta nasce do descrédito da pretensão gnosiológica de dizer<br />

a última palavra sobre a realidade, seja no nível veritativo, seja no nível metodológico – por<br />

isso Ricoeur chama as ciências pretensiosas de cripto-metafísicas. O que o autor intenta é<br />

propor uma inteligibilidade dinâmica, capaz de integrar as duas dimensões 100 .<br />

96 DON IHDE apud MORA, op. cit., v.3, p.1328.<br />

97 Cf. RICOEUR, Da interpretação, p.32.<br />

98 Cf. NOVASKI, op. cit., p.111e123;<br />

99 Cf. MORA, op. cit., p.1327; RICOEUR, Interpretação e ideologias, p.134; BEUCHOT, op. cit., p.145;<br />

SACADURA, op. cit., p.780. Para Ricoeur, Gadamer não conseguiu conjugar suficient<strong>em</strong>ente os dois termos e o<br />

próprio título de Verdade e método revela uma dicotomia, já que “a alternativa prima sobre a conjunção”, num<br />

confronto entre o conceito heideggeriano de verdade e o conceito diltheyano de método. Ricoeur teria chegado a<br />

sugerir que se trocasse seu título para “Verdade ou método” para que houvesse maior sintonia com o conteúdo.<br />

Cf. MASSARO, op. cit., p.692s.<br />

100 Cf. IANNOTTA, op. cit., p.31s.<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!