18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tenho atribuído uma força ainda maior a esta ideia de ser-capaz-de-fazer,<br />

com vista a providenciar uma base para a filosofia política. Falo aqui,<br />

portanto, do hom<strong>em</strong> capaz, enquanto objecto fundamental da estima e do<br />

respeito e mesmo enquanto sujeito fundamental da lei [sic] 232 .<br />

Ao se adentrar propriamente a proposta ético-moral apresentada <strong>em</strong> O si-mesmo<br />

com um outro, é importante esclarecer que o autor mantém suas reflexões autônomas <strong>em</strong><br />

relação à fé, de forma que não é o ágape cristão que dita os rumos éticos aí. Ricoeur chega<br />

mesmo a asseverar que “[...] não existe moral cristã, senão no plano da história das<br />

mentalidades, mas uma moral comum [...] que a fé bíblica coloca numa nova perspectiva<br />

onde o amor está ligado à ‘nomeação de Deus’” 233 .<br />

Também importa esclarecer que é por convenção que o autor distingue a Ética da<br />

Moral, pois ambas alud<strong>em</strong> etimologicamente a uma mesma idéia de costumes, seja com<br />

referência àquilo que se t<strong>em</strong> por “bom”, seja ao que se t<strong>em</strong> por “obrigatório”. Ricoeur utiliza<br />

os termos assim: “ética para a perspectiva de uma vida concluída e moral para a articulação<br />

dessa perspectiva no interior de normas, caracterizadas ao mesmo t<strong>em</strong>po pela pretensão à<br />

universalidade e por um efeito de coerção” – sendo que a primeira é de herança aristotélica e<br />

se situa num âmbito teleológico, enquanto a segunda, de herança kantiana, parte de um pontode-vista<br />

deontológico 234 .<br />

Ambas se relacionam de uma maneira que conjuga subordinação e<br />

compl<strong>em</strong>entaridade, constituindo um tríplice desenvolvimento: o primado da ética sobre a<br />

moral, a necessidade de a perspectiva ética passar pelo crivo da norma, o recurso da norma à<br />

perspectiva ética nos casos de impasses práticos. Importa ainda, nessas considerações<br />

incipientes, mostrar que uma tal subordinação da deontologia à teleologia indica uma<br />

aproximação entre dever-ser e ser, ou, <strong>em</strong> outras palavras, entre juízo de valor e juízo de<br />

fato 235 .<br />

232 RICOEUR apud HAHN, p.215s.<br />

233 RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.36s.<br />

234 Cf. Id., Sé come un altro, p.264 (O si-mesmo como um outro, p.200).<br />

235 Cf. Id., p.200-202. Eis, pois, uma negação da falácia naturalista.<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!