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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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finitude como limite negativo; antes, como participação positiva a um ser entre o ato e a<br />

potência 119 .<br />

2.2.2 – Momento hermenêutico<br />

Enquanto a fenomenologia postula uma “ciência rigorosa, visão original do eu,<br />

primado da consciência imanente, <strong>subjetividade</strong> transcendental, imediação da reflexão como<br />

responsabilidade de si”, a hermenêutica supõe “horizonte ontológico da compreensão,<br />

interpretação, participação, abertura da <strong>subjetividade</strong> a partir do texto, dialética do<br />

distanciamento e da apropriação que da originalidade do ego conduz à constituição do si,<br />

responsabilidade como resposta” 120 .<br />

Ricoeur parte da fenomenologia à hermenêutica justamente por criticar o<br />

idealismo de Husserl 121 , que propusera r<strong>em</strong>eter ao originário através da suspensão do mundo.<br />

É com Heidegger que se <strong>em</strong>preende tal crítica: é justamente o mundo que não pode ser<br />

suspenso, porque o ser é lançado nele; destarte, quando alguém nasce, isso ocorre s<strong>em</strong>pre<br />

dentro de um horizonte prévio, no qual se encontram os seres que se lhe manifestam e com os<br />

quais se relaciona – de forma que perceber a si é s<strong>em</strong>pre perceber o outro. Assim,<br />

o resultado final da fenomenologia fugiu de seu projeto inicial, e é seu<br />

desagrado que ela descobre, no lugar de um sujeito idealista fechado <strong>em</strong> seu<br />

sist<strong>em</strong>a de significações, um ser vivente que t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre como horizonte de<br />

todos os seus projetos, um mundo, o mundo 122 .<br />

O eu não pode dar-se como uma intuição originária, porque a abertura a si e ao<br />

mundo ocorre s<strong>em</strong>pre num âmbito de pré-compreensão, que é de caráter hermenêutico. É,<br />

pois, a t<strong>em</strong>poralidade da Lebenswelt que pressupõe qualquer constituição e impede a<br />

suspensão da transcendência, fazendo com que o trabalho de interpretação suplante a intuição<br />

119 Cf. IANNOTTA, op. cit., p.17s.<br />

120 Cf. Id., p. 15s;24.<br />

121 Ricoeur afirma que a própria fenomenologia husserliana faz recurso à hermenêutica, como Husserl permite<br />

entrever nas Investigações lógicas e nas Meditações cartesianas, ao falar de um trabalho de “esclarecimento”<br />

(interpretação, pois) sobre a “simples percepção” do material bruto das sensações – chegando a afirmar que “o<br />

objeto que se manifesta, assim como se manifesta, transcende a manifestação como fenômeno”. Mais evidente<br />

ainda é o tratamento do probl<strong>em</strong>a do alter ego, quando a “tomada analogizante” indica um recurso à Auslegung<br />

(interpretação). Cf. Id., p.29.<br />

122 RICOEUR, O conflito das interpretações apud IANNOTTA, op. cit., p.19.<br />

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