subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
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diversidade, ao mesmo t<strong>em</strong>po que, ao considerá-la um “fim <strong>em</strong> si mesma”, impede-se tratá-la<br />
como um meio e propõe-se a reciprocidade – tal como prescreve a Regra de Ouro. Destarte,<br />
a Regra de Ouro e o imperativo do respeito devido às pessoas não têm<br />
somente o mesmo campo de exercício, mas têm além disso a mesma<br />
perspectiva: estabelecer a reciprocidade aí onde reina a falta de<br />
reciprocidade. E, por detrás da Regra de Ouro <strong>em</strong>erge a intuição inerente à<br />
solicitude, da alteridade verdadeira à raiz da pluralidade das pessoas. A esse<br />
preço, a idéia unificante e unitária da humanidade deixa de aparecer como<br />
uma duplicata da universalidade à obra no princípio de autonomia, e a<br />
segunda fórmula do imperativo categórico retoma sua originalidade<br />
inteira 271 .<br />
Dessa confrontação entre Kant e a Regra de Ouro, Ricoeur chega à atestação<br />
paralela da autonomia e da pessoa como fim <strong>em</strong> si: se a primeira é considerada um fato da<br />
razão, isso se confirma com a proposição ôntico-prática da existência da pessoa como fim <strong>em</strong><br />
si mesma 272 .<br />
3.2.2.3 – Os princípios de justiça<br />
O autor toma de Charles Perelman a expressão “regra de justiça” para designar<br />
uma concepção deontológica de justiça, afirmando que ela “[...] exprime no plano das<br />
instituições a mesma exigência normativa, a mesma formulação deontológica que a<br />
autonomia, <strong>em</strong> termos pré-dialógicos, e que o respeito das pessoas, <strong>em</strong> termos dialógico e<br />
interpessoal” 273 . Nesse novo momento, a moral herda da ética a questão da justa parte, que<br />
traz consigo uma série de ambigüidades. É por isso que a abordag<strong>em</strong> deontológica necessita<br />
[...] estabelecer-se solidamente no campo institucional <strong>em</strong> que se aplica a<br />
idéia de justiça contratualista, mais precisamente com a ficção de um<br />
contrato social graças ao qual uma certa reunião de indivíduos consegue<br />
superar um estado, suposto primitivo, de natureza, para aderir ao estado de<br />
direito 274 .<br />
271<br />
RICOEUR, Sé come un altro, p.326s (O si-mesmo como um outro, p.263).<br />
272<br />
Cf. Id., p.263s.<br />
273<br />
Id., p.265.<br />
274<br />
Id., Sé come un altro, p.330 (O si-mesmo como um outro, p. 267).<br />
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