subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O estudo retoma as mesmas três intenções que permeiam toda a obra e, acerca da<br />
dialética entre ipseidade e alteridade, apresenta-se um discurso de “segundo grau”, já não<br />
referente às categorias das pessoas e coisas – aspectos mais fenomenológicos – mas sim<br />
referente às metacategorias ou “grandes gêneros” platônicos do Mesmo e do Outro. Não se<br />
trata de uma mera repetição da ontologia platônica: é um esforço de reinterpretação e<br />
reapropiação pelas quais o Mesmo de Platão não equivale à ipseidade, tampouco o Outro ao<br />
diverso de si. O objetivo de Ricoeur é, com isso, desenvolver “[...] o potencial de sentido<br />
deixado s<strong>em</strong> <strong>em</strong>prego, até reprimido, pelo próprio processo de sist<strong>em</strong>atização e de<br />
escolarização” dos grandes corpos doutrinários 319 .<br />
3.3.1 – Atestação do si<br />
Primeiramente quanto à articulação entre reflexão (ontologia) e análise<br />
(lingüística), Ricoeur procura balizar a atestação conforme a categoria aristotélica de “serverdadeiro”,<br />
à qual Aristóteles opunha o “ser-falso”. Se por um lado é possível afirmar s<strong>em</strong><br />
desvios o “ser-verdadeiro” da mediação da reflexão pela análise – pois as contribuições das<br />
filosofias analíticas ajudam a dizer o ser, já que a linguag<strong>em</strong> é dotada de uma “ve<strong>em</strong>ência<br />
ontológica” – por outro Ricoeur diz ser necessário reinterpretar o “ser-verdadeiro” aristotélico<br />
para relacioná-lo à atestação, de modo que ele admita ser permeado pela suspeita. Assim,<br />
“[...] o que é atestado, <strong>em</strong> último caso, é a ipseidade, ao mesmo t<strong>em</strong>po na sua diferença com<br />
respeito à mesmidade e na sua relação dialética com a alteridade” 320 .<br />
3.3.2 – Ser poderoso e efetivo<br />
Quanto à dialética entre mesmidade e ipseidade, Ricoeur procura ligar o ser do si<br />
à acepção do ser como ato (energéia) e potência (dynamis) postulados por Aristóteles,<br />
sobretudo porque esse distintivo do ser não somente pode ser mais b<strong>em</strong> reconhecido no agir<br />
humano (praxis), mas se estende a outros campos e aponta para um “fundo de ser ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po poderoso e efetivo” 321 .<br />
319 Cf. RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.348s.<br />
320 Id., p.353, grifo do autor.<br />
321 Cf. Id., p.354-360.<br />
105