subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
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Foi Augusto Boeckh (1785-1867) qu<strong>em</strong> apresentou, na obra Enciclopédia e<br />
metodologia das ciências filológicas, a idéia de uma hermenêutica histórica para se somar à<br />
interpretação gramatical e individual. Para ele – s<strong>em</strong> muitas inovações relativamente a<br />
Schleiermacher – a filologia teria um papel reconstrutor e interpretar consistiria <strong>em</strong><br />
aprofundar-se nas palavras para reconhecer o que já foi conhecido. Com a interpretação<br />
histórica, um significado seria enriquecido por ser colocado <strong>em</strong> relação com as circunstâncias<br />
reais <strong>em</strong> que foi produzido 40 .<br />
Apesar de sua pretensão metodológico-prescritiva, Boeckh produziu uma obra de<br />
caráter mais enciclopédico-descritivo. Foi com Johann Gustav Droysen (1808-1886) que o<br />
aspecto metodológico tornou-se mais evidente. Seu maior esforço foi o de legitimar e<br />
especificar a cientificidade da História ante ao amplo desenvolvimento das Ciências Naturais.<br />
S<strong>em</strong> citar uma única vez a palavra “hermenêutica” <strong>em</strong> sua obra – Enciclopédia e metodologia<br />
da História, publicada pelo discípulo Hübener – é o conceito de compreensão que adquiriu<br />
centralidade <strong>em</strong> seu pensamento, pois ele entendia ser próprio das ciências históricas o<br />
método de “entender pesquisando”. Muito relevante é a sua proposta da “compreensão<br />
investigadora”: por detrás dos dados históricos imediatos, dever-se-ia pesquisar – adivinhando<br />
e presumindo – o sentido oculto. “Ao olhar finito, o início e o fim estão ocultos. Mas,<br />
investigando, ele pode conhecer a direção do caudaloso movimento” 41 .<br />
Para Wilhelm Dilthey (1933-1911), que se baseia <strong>em</strong> parte <strong>em</strong> Schleiermacher, a<br />
Hermenêutica teria por objeto os dados históricos e filológicos, mas iria além de seu mero<br />
conhecimento: daria sentido a esses dados, num processo circular de compreensão, passando<br />
dos signos aos “resíduos de vida humana”, porquanto haveria uma estreita ligação entre o<br />
texto e seu contexto. A historicidade foi-lhe uma categoria importante e, no anelo de legitimar<br />
gnosiologicamente as Geistswissenschaften – “ciências do espírito” ou “ciências humanas” –<br />
ele propôs um método particular que, diferent<strong>em</strong>ente das Naturwissenschaften – ciências<br />
naturais – teria na experiência histórica da vida a orig<strong>em</strong> e o fim do trabalho interpretativo.<br />
Esse método foi identificado na categoria “compreensão” (Erklären), enquanto o<br />
procedimento das ciências da natureza seria a “explicação” (Verstehen). Como não<br />
considerou ter alcançado alguma conclusão suficient<strong>em</strong>ente substancial para tal <strong>em</strong>presa, não<br />
40 Cf. GRONDIN, op. cit., p.137s.<br />
41 Id., p.139-146; grifo do autor.<br />
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