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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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2.3.2 – Símbolo e metáfora<br />

Da questão do símbolo, Ricoeur partiu <strong>em</strong> suas obras posteriores para a<br />

investigação sobre a metáfora. Abordar a poliss<strong>em</strong>ia da metáfora pareceu-lhe mais vantajoso<br />

do que abordar a do símbolo, uma vez que, nesse segundo caso, há uma maior complexidade<br />

por ultrapassar a Lingüística <strong>em</strong> direção a outras áreas – como a Psicanálise, a Poesia e a<br />

Fenomenologia da Religião. Por esse motivo Ricoeur, lança mão da teoria da metáfora para<br />

esclarecer a teoria dos símbolos 149 .<br />

O autor retoma a teoria da metáfora dos antigos retóricos – de Aristóteles, Cícero<br />

e Quintiliano até o século XIX – fazendo, porém, uma revisão fundamental, influenciado<br />

pelos autores da S<strong>em</strong>ântica moderna – como Richards, Max Black e Monroe Beandsley, para<br />

os quais há na metáfora uma criação de sentido que brota da tensão entre a interpretação<br />

literal e a metafórica – o que se contrapõe ao positivismo lógico, que considera cognitivo e<br />

s<strong>em</strong>ântico apenas o significado denotativo, enquanto o significado conotativo teria valor<br />

unicamente <strong>em</strong>otivo e extra-s<strong>em</strong>ântico 150 .<br />

Há, pois, numa metáfora autêntica, uma inovação s<strong>em</strong>ântica e já não uma ausência<br />

de informações novas acerca da realidade. Esse fato de atribuir predicados inabituais e<br />

inesperados geraria o que Ricoeur chama de “metáfora viva” – como é o título de uma de suas<br />

obras – cuja função é inventar sentidos, indo muito além das “metáforas mortas” – como, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, dizer “pé de uma cadeira”. Para o autor, a repetição de uma metáfora viva e sua<br />

inserção <strong>em</strong> um léxico levaria a torná-la morta. Assim, uma metáfora viva é intraduzível,<br />

porque gera o seu próprio sentido e oferece algo novo, o que a livra de ser reduzida a um<br />

mero ornamento de linguag<strong>em</strong> 151 .<br />

Uma das razões porque o símbolo é inconversível à metáfora é que “a metáfora<br />

ocorre no universo já purificado do logos, ao passo que o símbolo hesita na linha divisória<br />

entre o bios e o logos. Dá test<strong>em</strong>unho da radicação primordial do Discurso da Vida”. Assim, a<br />

atividade simbólica goza de certa autonomia e de um status mais básico que a experiência<br />

metafórica, derivada do fato de ela se ligar a experiências pré-lingüísticas diversas. Ad<strong>em</strong>ais,<br />

149 Cf. RICOEUR, Teoria da interpretação, p.64-66.<br />

150 Cf. Id., p.57-62.<br />

151 Cf. Id., p.62-64.<br />

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