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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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caminhos para uma hermenêutica de caráter mais filosófico. Dividiu a atividade dos sábios<br />

<strong>em</strong> dois tipos: a produção de pensamento original e a ocupação com o que já se pensou de<br />

interessante, isto é, a interpretação – a qual deveria ter regras próprias 21 .<br />

Para Chladenius, a hermenêutica continua a ocupar-se de passagens obscuras, mas<br />

não de todas elas: não lhe caberia ocupar-se das obscuridades corrigindo as passagens<br />

deterioradas ao longo das edições (competência da Filologia, através da ars critica), n<strong>em</strong> seria<br />

seu objetivo a introspecção lingüística (âmbito da Gramática), tampouco lhe tocaria o<br />

afastamento das ambigüidades. Sua idéia de hermenêutica parte de uma constatação:<br />

Um pensamento que, pelas palavras, deve ser despertado no leitor, [sic] já<br />

pressupõe, muitas vezes, outros conceitos, s<strong>em</strong> os quais ele não é<br />

compreensível: por isso, se o leitor já não possui os mesmos conceitos, as<br />

palavras não pod<strong>em</strong> ter nele o efeito, n<strong>em</strong> dar ocasião aos conceitos que,<br />

num outro leitor, devidamente instruído, certamente vão ocorrer 22 .<br />

Assim, interpretar (auslegen) seria apreender os “conhecimentos de fundo”, ou<br />

seja, todos os conceitos necessários para a compreensão do que o autor quis indicar <strong>em</strong> uma<br />

determinada passag<strong>em</strong>, o que inclui recurso a dicionários, manuais e quaisquer obras<br />

literárias. Eis pois uma acentuação pedagógica da interpretação, que se volta à apreensão do<br />

“ponto de vista” (sehepunkt) do autor – expressão que ele diz herdar de Leibniz, mas que<br />

r<strong>em</strong>eteria também à teoria do scopus presente <strong>em</strong> Agostinho e Flacius 23 .<br />

A hermenêutica foi inserida na Filosofia como disciplina por Georg Friedrich<br />

Meier (1718-1777) <strong>em</strong> 1757 24 . Empenhou-se na última tentativa iluminista de uma arte<br />

hermenêutica universal, por ora com uma grande novidade: a ampliação do horizonte da<br />

interpretação à aplicação <strong>em</strong> textos não-escriturísticos – no caso, para todos os sinais do<br />

mundo, tanto naturais quanto artificiais. É nisso que reside o traço universal de sua teoria.<br />

Inspirado na s<strong>em</strong>iótica de Leibniz, Meier afirmou que tudo no mundo é sinal, enquanto uma<br />

realidade na qual outra coisa – o sentido – pode ser reconhecida; haveria, outrossim, uma<br />

conexão universal de todos os sinais – characteristica universalis – e caberia à hermenêutica<br />

relacionar a coisa designada com seus sinais. Quanto à interpretação de discursos, Meier<br />

21<br />

Cf. GRONDIN, op. cit.,, p.99.<br />

22<br />

CHLADENIUS apud GRONDIN, op. cit.,, p.103.<br />

23<br />

Cf. Id., p.99-106.<br />

24<br />

O mesmo pensador é citado diversamente como “Maier” <strong>em</strong> MORA, op. cit., p.1326.<br />

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