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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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a estima de si passada pelo crivo da norma universal [...] <strong>em</strong> suma, a estima de si sob o regime<br />

da lei” 264 .<br />

Por fim, Ricoeur destaca uma nova contribuição de Kant, encontrada no texto<br />

Ensaio sobre o mal radical (inserido <strong>em</strong> A religião nos limites da simples razão), no qual o<br />

autor, à diferença das considerações expostas acima – que se baseiam nos Fundamentos da<br />

metafísica dos costumes e Crítica à razão prática – tende a inocentar o desejo, a inclinação;<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po, porém, esse autor passa a localizar o mal no (livre) arbítrio, o qual seria<br />

suscetível de confundir a ord<strong>em</strong> de sobrepor a lei à inclinação. O probl<strong>em</strong>a do mal estaria<br />

ligado, então, à formação das máximas, <strong>em</strong> que a máxima má fundamental seria a propensão<br />

ao mal – o que comprometeria a efetuação da autonomia. Assim, radicalizando o mal, Kant<br />

torna-o uma tendência natural de todos os humanos e, por isso, algo que afetaria todas as suas<br />

decisões. Ricoeur serve-se desse estatuto do mal e do livre arbítrio para concluir:<br />

3.2.2.2 – O respeito às pessoas<br />

Porquanto há o mal, a perspectiva da “vida boa” deve assumir a prova da<br />

obrigação moral, que poderíamos reescrever nos termos seguintes: “Age<br />

unicamente segundo a máxima que faz com que tu possas querer ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po que não seja o que não deveria ser, a saber, o mal” 265 .<br />

A primeira afirmação de Ricoeur acerca da relação entre a idéia de respeito e a de<br />

autonomia do si é que ambas não são díspares, porquanto a primeira desenvolve a estrutura<br />

dialógica implícita da segunda. Se a boa-vontade parecia ser o termo de transição entre a<br />

perspectiva ética e a norma moral no plano do si, é a Regra de Ouro que assume essa posição<br />

no plano dialógico isto é, na transição da solicitude para o respeito. A Regra de Ouro é<br />

tomada, aí, <strong>em</strong> suas várias versões, seja a negativa – “não faças a teu próximo o que tu<br />

detestarias que te fosse feito”, versão do Hillel, de orig<strong>em</strong> judaica – seja as positivas – “e<br />

como quereis que os homens façam a vós, assim façais vós a eles”, b<strong>em</strong> como “amarás o teu<br />

próximo como a ti mesmo”, versões do Evangelho 266 . A especificidade da contribuição de<br />

cada uma dela é que<br />

264 Cf. RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.250-252.<br />

265 RICOEUR, Sé come un altro, p.318s (O si-mesmo como um outro, p.255), grifo do autor.<br />

266 Lucas 6,3 e Mt. 22,39.<br />

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