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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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Para além da imediação do “eu sou” e da pretensão de posicioná-lo como<br />

fundamento último, a hermenêutica do si se desenvolve conforme as três intenções<br />

supracitadas assumindo uma forma interrogativa, cujo núcleo é a pergunta qu<strong>em</strong>? – pela qual<br />

se pode acessar a resposta procurada: o si 212 . Parte-se das Filosofias da linguag<strong>em</strong> (S<strong>em</strong>ântica<br />

e Pragmática), que apresentam a pergunta qu<strong>em</strong> fala?; passa-se pela Filosofia da Ação, que<br />

expõ<strong>em</strong> a pergunta qu<strong>em</strong> age?; pela Teoria Narrativa, com a pergunta qu<strong>em</strong> é narrado? e, por<br />

fim, pela Filosofia Ética e Moral, que traz<strong>em</strong> a questão qu<strong>em</strong> é o sujeito moral da imputação?<br />

Eis o que Ricoeur denomina “fragmentação da arte de questionar”, que incorre na afirmação<br />

de que<br />

dizer si não é dizer eu. O eu se põe ou é desposto. O si está implicado nas<br />

operações cuja análise precede e volta para ele próprio. Nessa dialética da<br />

análise e da reflexão enxerta-se a do ipse e do id<strong>em</strong>. Enfim, a dialética do<br />

mesmo e do outro preenche as duas primeiras dialéticas 213 .<br />

Nessa <strong>em</strong>preitada de oposição à imediação do “eu sou”, o caráter fragmentário<br />

dos estudos desenvolvidos na obra não impede que haja uma unidade t<strong>em</strong>ática, a qual é<br />

encontrada no agir humano – uma Filosofia prática, pois – sendo que a ação é tomada <strong>em</strong> sua<br />

poliss<strong>em</strong>ia, conduzindo à tríade: descrever, narrar, prescrever. Ad<strong>em</strong>ais, <strong>em</strong> oposição à<br />

pretensão de situar o eu como fundamento último, encontra-se um tipo peculiar de certeza<br />

pretendido por Ricoeur: a atestação. Contraposta à epist<strong>em</strong>e (saber último), ela se aproxima<br />

de uma crença dóxica, no sentido de que ela não deixa nunca de ser ameaçada pela suspeita –<br />

noção que lhe é contrária. Atestação relaciona-se, pois, à “crença <strong>em</strong>” – ou, <strong>em</strong> outras<br />

palavras, ao test<strong>em</strong>unho ou confiança – e é relacionada ao próprio t<strong>em</strong>a do agir, o que faz dela<br />

“segurança de ser si-mesmo agindo e sofrendo”, enfim, “atestação de si” 214 .<br />

3.1.2 – Contribuições da tríade descrever-narrar- prescrever<br />

No primeiro momento da tríade, respectivo ao descrever, Ricoeur adentra a<br />

Filosofia da Linguag<strong>em</strong> e percorre-lhe as vias da S<strong>em</strong>ântica e da Pragmática para responder à<br />

pergunta qu<strong>em</strong>?. Na primeira, baseada na via da “referência identificante”, o autor encontra<br />

212 Ricoeur dá prosseguimento a Heidegger, que, no parágrafo 25 de Ser e t<strong>em</strong>po, situa a pergunta pelo qu<strong>em</strong> no<br />

mesmo plano ontológico que o si (Selbstheit). Cf. RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.76.<br />

213 Id., p.30, grifo do autor.<br />

214 Cf. Id., p.32-35.<br />

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