18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

De grande importância, outrossim, é o grande recorte histórico-filosófico do início<br />

do século XIX promovido por Immanuel Kant, que derrocou o racionalismo até então<br />

dominante – presente, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> Danhauer, Spinoza, Chladenius e Meier. A<br />

diferenciação kantiana entre o mundo dos fenômenos e o mundo das coisas <strong>em</strong> si subsidiou a<br />

hermenêutica romântica: o acesso ao mundo e ao texto ocorre através da interpretação<br />

subjetiva. Assim, o Romantismo iniciou sua reflexão no sujeito e tomou por probl<strong>em</strong>a básico<br />

a possibilidade de alcançar a objetividade científica e hermenêutica. Houve uma retomada da<br />

tradição filosófica: o espírito grego foi revalorizado e revigorado no período pré-romântico,<br />

seja <strong>em</strong> Friedrich Ast como <strong>em</strong> Friedrich Schlegel, que influenciaram Schleiermacher 33 .<br />

Friedrich Schleiermacher (1768-1834), professor de teologia e tradutor de Platão,<br />

foi muito assinalado pela tradição kantiana. Manifestou receio <strong>em</strong> publicar seus trabalhos<br />

hermenêuticos provavelmente porque s<strong>em</strong>pre considerou seus escritos imperfeitos; coube ao<br />

discípulo Friedrich Lücke realizar essa <strong>em</strong>presa, com base nos esboços do mestre. Teve por<br />

projeto formular uma ciência hermenêutica geral que proporcionasse a unidade de todas as<br />

interpretações (de ord<strong>em</strong> jurídica, pictórica, literária) – um processo de desregionalização,<br />

tendo <strong>em</strong> vista a dimensão transcendental da hermenêutica. Hermenêutica, portanto, consistia<br />

numa tentativa de compreensão, cujas leis regeriam a extração do sentido dos textos 34 .<br />

Compreender, para Schleiermacher, significava procurar no discurso o que foi<br />

pensado pelo autor. Destarte, ele tomou a linguag<strong>em</strong> como objeto da compreensão e a dividiu<br />

<strong>em</strong> dois aspectos: o supraindividual, que chamou de “o lado gramatical” da interpretação, pelo<br />

fato de que cada expressão seguiria uma sintaxe pré-estabelecida (determinada pelos<br />

costumes); e o aspecto individual, denominado lado “técnico-psicológico” da interpretação,<br />

que exigiria do intérprete o entendimento da arte específica do autor 35 .<br />

Para a ótica schleiermacheriana, a prática hermenêutica se dividiria <strong>em</strong> dois tipos:<br />

um de ord<strong>em</strong> “mais laxa” e outra “mais austera”. Se a primeira – praticada até então –<br />

lançaria mão da hermenêutica somente diante de passagens obscuras, com o escopo de evitar<br />

o mau-entendido, a segunda, proposta por Schleiermacher, concebia que a compreensão<br />

33 Cf. GRONDIN, op. cit.,p.118-123.<br />

34 Cf. NOVASKI, op. cit., p.110; BEUCHOT, Mauricio. Naturaleza y operaciones de la hermenéutica según Paul<br />

Ricoeur. Pensamiento (Revista de investigación y información filosófica), Madrid, v.50, n.196, enero-abril 1994,<br />

p.145; SACADURA, op. cit., p.777.<br />

35 Cf. GRONDIN, op. cit., p.123-126.<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!