18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

num mesmo nível, como “particulares de base”, os conceitos de pessoa e de corpos. Assim, a<br />

pessoa nada mais é do que aquilo (uma coisa) do qual se fala <strong>em</strong> um discurso – com ênfase na<br />

terceira pessoa, pois. A identidade da pessoa, aí, não passa de mesmidade: o ipse (“si”) se<br />

reduz ao id<strong>em</strong> (“se”), neutralizado entre os todos os particulares de base. Ad<strong>em</strong>ais, essa<br />

abordag<strong>em</strong> permite dizer que as pessoas são entidades às quais são “ascritos” 215 predicados<br />

psíquicos – além dos predicados físicos, que são compartilhados com os corpos 216 .<br />

Na segunda via da Filosofia da Linguag<strong>em</strong>, a Pragmática – cujo foco é a situação<br />

de interlocução – o enriquecimento para o qu<strong>em</strong>? é dado pelo conceito de sujeito como<br />

locutor que se dirige a um “tu”. O “eu”, nessa via, não é alguma coisa da qual se fala, mas o<br />

autor da enunciação e limite de mundo (distinto dos objetos do mundo). Por considerar que<br />

S<strong>em</strong>ântica e Pragmática se compl<strong>em</strong>entam, Ricoeur estabelece a ligação entre os conceitos de<br />

pessoa e de sujeito falante pelo ato de nomeação, que consiste num fenômeno de ancorag<strong>em</strong><br />

pelo qual o nome próprio (referência identificante) e o “eu” (limite de mundo) passam a<br />

coincidir – o que permite ao autor dizer que, num discurso, “´eu’ e ‘P.R.’ quer<strong>em</strong> dizer a<br />

mesma pessoa” 217 .<br />

Partindo-se para a Teoria da ação, <strong>em</strong>erge a noção de agente, considerado<br />

princípio das ações – as quais são acontecimentos intencionais, pois se voltam a uma<br />

finalidade. Importa também, aí, o conceito de iniciativa, que r<strong>em</strong>ete a um agente que, devido à<br />

sua liberdade (o “eu posso”, num plano fenomenológico) e à sua dimensão corporal (o “corpo<br />

próprio”, num plano ontológico) pode interferir efetiva e sensivelmente no mundo, por<br />

conjugar a causalidade inteligível à causalidade sensível. A ascrição de uma ação a um agente<br />

singular (ao si) abre espaço ao t<strong>em</strong>a da imputação – a qual é tratada no momento éticomoral<br />

218 .<br />

No segundo momento, acerca do narrar, Ricoeur dá prosseguimento aos t<strong>em</strong>as de<br />

T<strong>em</strong>po e narrativa para tratar da questão da identidade pessoal por meio de uma teoria<br />

narrativa. Ele insere o t<strong>em</strong>a da t<strong>em</strong>poralidade ao levar <strong>em</strong> consideração “[...] que a pessoa da<br />

215 Do francês/inglês ascription, que encontra seu correlato no italiano, mas não no português. Ascrever está<br />

ligado a atribuir e imputar. Cf. RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.49.<br />

216 Cf. Id., p.39-54.<br />

217 Com isso, Ricoeur responde à aporia do sujeito falante apresentada por Wittgenstein no Caderno azul: “a<br />

palavra eu não quer dizer a mesma coisa que L.W., n<strong>em</strong> quer dizer a mesma coisa que a expressão ‘a pessoa que<br />

fala agora’. Mas isso não significa que L.W. e eu queiram dizer pessoas diferentes. Tudo o que isso significa é<br />

que essas palavras são instrumentos diferentes de nossa linguag<strong>em</strong>”. Cf. Id., p.68;71.<br />

218 Cf. Id., p.109-136.<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!