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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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a frase faz isto é, a significação da enunciação enquanto conteúdo proposicional – e um lado<br />

subjetivo – o que o locutor faz, isto é, a auto-referência, a dimensão ilocucionária do ato<br />

lingüístico e a intenção de reconhecimento por parte do ouvinte. Quanto ao lado objetivo,<br />

porém, duas vertentes são apresentadas: a do sentido e a da referência – conforme proposto<br />

por Gottlob Frege – <strong>em</strong> que a primeira é o “quê” do discurso, pura relação predicativa, e a<br />

segunda, o “acerca de quê” dele, isto é, a pretensão de dizer algo acerca da realidade, com<br />

valor de verdade. Tal dialética t<strong>em</strong> grande relevância ontológica, pois só ela<br />

[...] diz alguma coisa acerca da relação entre a linguag<strong>em</strong> e a condição<br />

ontológica do ser-no-mundo. A linguag<strong>em</strong> não é um mundo próprio. N<strong>em</strong><br />

sequer é um mundo. Mas, porque estamos no mundo, porque somos<br />

afectados [sic] por situações e porque nos orientamos mediante a<br />

compreensão <strong>em</strong> tais situações, t<strong>em</strong>os algo a dizer, t<strong>em</strong>os a experiência para<br />

trazer à linguag<strong>em</strong> 166 .<br />

O caráter referencial da linguag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> importância central na teoria da<br />

linguag<strong>em</strong>, pois ele permite que a linguag<strong>em</strong> seja deveras significativa. Disso decorre que o<br />

signo deve s<strong>em</strong>pre estar <strong>em</strong> referência à coisa, o que marca a distância entre a S<strong>em</strong>iótica e a<br />

S<strong>em</strong>ântica, a qual “é a teoria que relaciona a constituição interna ou imanente do sentido à<br />

intenção exterior ou transcendente da referência” 167 .<br />

A maior implicação hermenêutica desses aspectos dialéticos para o entendimento<br />

da linguag<strong>em</strong> é a superação dos “preconceitos psicologizantes e existenciais” apresentados<br />

pela concepção de hermenêutica <strong>em</strong> Schleiermacher e Dilthey, centrada no evento lingüístico<br />

(o kerygma, no caso da teologia cristã) diante do qual interpretar seria captar a intenção do<br />

autor tal como o captaria seu auditório original. O que Ricoeur intenta não é incorrer <strong>em</strong> uma<br />

análise estrutural do conteúdo proposicional – que seria outra unilateralidade – mas sim o<br />

caráter dialético do discurso – seja pela polaridade do evento-significação, seja pela do<br />

sentido-referência 168 .<br />

166 Cf. RICOEUR, Teoria da interpretação, p.31s;78.<br />

167 Id., p.33.<br />

168 Cf. Id., p.33-35.<br />

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