subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
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proporcionalidade de quatro termos: duas pessoas e duas partes”. Destarte, escapa-se da<br />
possibilidade de igualitarismo. Articulada com os dois momentos éticos anteriores, t<strong>em</strong>-se que<br />
essa igualdade<br />
3.2.2 – A norma moral<br />
é para a vida nas instituições o que a solicitude é nas relações interpessoais.<br />
A solicitude dá como comparação de si um outro que é um rosto, no sentido<br />
forte que Emmanuel Lévinas nos ensinou a lhe reconhecer. A igualdade lhe<br />
dá como comparação um outro que é um cada um 257 .<br />
Como já referido, o autor trata a norma moral como um momento secundário, mas<br />
necessário, pelo qual deve atravessar perspectiva ética. A obrigação e o formalismo são aí as<br />
provas para essa perspectiva. Repete-se aí a mesma estrutura triádica da estima de si: o<br />
momento referente ao si, ao diverso de si e às instituições 258 .<br />
3.2.2.1 – O respeito de si<br />
S<strong>em</strong> incorrer no solipsismo moral – porque o si não é o eu – este é o momento de<br />
isolar a universalização, na qual o desejo de viver-b<strong>em</strong> é experimentado através da norma.<br />
Não há, pois, rompimento com a perspectiva ética, como denuncia o conceito kantiano de<br />
“boa-vontade” que opera a transição entre as duas instâncias 259 .<br />
Para Kant, a vontade equivale ao lugar que o desejo razoável ocupa na ética<br />
aristotélica: é a razão prática que, sendo finita, está sujeita a inclinações sensíveis. Daí a<br />
necessidade de, para gozar de universalidade, a vontade ligar-se à idéia de coerção, de dever,<br />
num discurso de ord<strong>em</strong> imperativa. Disso decorre um procedimento crítico, pelo qual a<br />
vontade é provada, submetida a exames, a depurações, de forma que a vontade<br />
incondicionalmente boa se iguale à autonomia, isto é, à vontade autolegisladora 260 .<br />
257<br />
RICOEUR, O si-mesmo como um outro, p.236, grifo do autor.<br />
258<br />
Cf. Id., p.337s.<br />
259<br />
“De tudo o que é possível conceber no mundo, e mesmo <strong>em</strong> geral fora do mundo, não existe nada que possa<br />
s<strong>em</strong> restrição [ohne Einschränkung] ser considerado bom se não existe uma boa-vontade”. KANT apud<br />
RICOEUR, op. cit., p.239.<br />
260<br />
Cf. Id., p.242.<br />
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