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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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escrito bastante e considerado a linguag<strong>em</strong> como “morada do ser” – porque reveladora desse<br />

ser – Heidegger negou que tudo pudesse ser expresso e calculado. Para ele, antes de ser<br />

objetivante e se restringir ao conteúdo lógico, a linguag<strong>em</strong> seria expressão do cuidado do<br />

Dasein, do momento pré-predicativo desse ser com o mundo. Assim, essa relação mais<br />

originária consistiria um momento hermenêutico que, por sua vez, serviria de fundamento à<br />

linguag<strong>em</strong> 53 .<br />

Em A caminho da linguag<strong>em</strong> (1959), o autor reafirma a definição<br />

schleiermacheriana de hermenêutica como “arte de entender corretamente o discurso de outra<br />

pessoa, sobretudo o escrito”; há, porém, um avanço: hermenêutica seria uma tentativa de<br />

interpretar o “hermenêutico”, a trazida de uma mensag<strong>em</strong> – que é a própria linguag<strong>em</strong>. O<br />

pensamento heideggeriano aprofundou a noção de texto, ao elaborar “uma ontologia viva que<br />

explica e faz compreender a situação vital do hom<strong>em</strong> que produz textos significativos e<br />

polissêmicos” 54 .<br />

Heidegger objetou o probl<strong>em</strong>a epist<strong>em</strong>ológico do historicismo afirmando que esse,<br />

ao procurar uma compreensão metodizável <strong>em</strong> vista de verdades universalmente válidas,<br />

estaria, na verdade, buscando verdades absolutas e, portanto, incorreria no estabelecimento de<br />

fundamentos metafísicos – os quais contrariariam a t<strong>em</strong>poralidade própria do hom<strong>em</strong>. Para<br />

esse pensador, mesmo na finitude, o hom<strong>em</strong> seria capaz de elaborar sua estrutura<br />

preconceituosa como estrutura positiva e ontológica da compreensão, percebendo suas<br />

potencialidades a partir de sua existência 55 .<br />

Hans Georg Gadamer (1900-2002), que foi aluno de Heidegger, deu<br />

prosseguimento à sua interpretação ontológica e é considerado o fundador da Hermenêutica<br />

cont<strong>em</strong>porânea. Ele seguiu a radicalização do ser-lançado própria do Heidegger tardio e partiu<br />

para a hermenêutica da linguag<strong>em</strong>, sobretudo a respeito da manifestação do ser histórico na<br />

tradição lingüística. Sua obra Verdade e método (1960) é considerada clássica para a história<br />

hermenêutica e apresenta aprofundamentos do círculo hermenêutico heideggeriano; o<br />

53 Cf. GRONDIN, op. cit.p.170-173.<br />

54 BEUCHOT, op. cit., p.145.<br />

55 GRONDIN, op. cit., p.179-181.<br />

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