18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de alguma coisa, de uma palavra, ou de um sinal de fogo (Gottfried Benn) –<br />

é isso que perfaz a universalidade da experiência hermenêutica 65 .<br />

O pensamento de Gadamer é considerado um das mais significativos à Filosofia<br />

cont<strong>em</strong>porânea desde a obra magna de Heidegger, Ser e t<strong>em</strong>po. Verdade e método forneceu<br />

amplas contribuições e suas teorias estiveram presentes <strong>em</strong> várias tendências: na orientação<br />

para a linguag<strong>em</strong> com a “linguistic turn” (“virada lingüística”) anglo-saxã; na filosofia<br />

prática, com o retorno ao neoaristotelismo; na teoria científica, com o contextualismo<br />

paradigmático de Kuhn. Entr<strong>em</strong>entes, também vários autores promoveram críticas a Gadamer<br />

através de debates, sobretudo Betti, Habermas e Jacques Derrida (1930-2004) – esse último,<br />

promotor do desconstrutivismo pós-moderno, asseverou que Gadamer teria recorrido à<br />

metafísica por reclamar o pressuposto de boa vontade de compreender 66 .<br />

1.1.8 – “Hermenêutica metódica” de Betti e da Escola de Frankfurt 67<br />

Emílio Betti (1890-1968), inspirado <strong>em</strong> Schleiermacher e Dilthey, defendia uma<br />

hermenêutica mais sujeita aos padrões científicos, a fim de que lograsse maior objetividade<br />

nas interpretações. Objetou sobretudo a teoria gadameriana da aplicação, afirmando que o<br />

intérprete deveria abstrair de suas projeções pessoais (preconceitos) para captar um<br />

significado tal como esse tivesse sido pensado pelo autor – sentido noético – e objetivado nas<br />

“formas significativas” (linguag<strong>em</strong>, gestos, monumentos e vestígios, por ex<strong>em</strong>plo). Sua<br />

postura foi, pois, a de reclamar o respeito para com o objeto da interpretação, ao qual o<br />

sentido não deveria ser imposto, mas extraído. Para Betti, somente num segundo momento é<br />

que haveria aplicações concretas e atualizações desse significado, o que por ora consistiria<br />

numa “significância” 68 .<br />

Para uma tal <strong>em</strong>presa hermenêutica, esse autor elaborou quatro regras gerais, as<br />

quais serviriam para repelir as arbitrariedades do processo de reconstrução interpretante. Esse<br />

65<br />

GADAMER apud GRONDIN, op. cit., p.207.<br />

66<br />

Cf. GRONDIN, op. cit., p.207-209, 223s; MORA, op. cit., p.669.<br />

67<br />

Qualificativo usado por Ricoeur, <strong>em</strong> Filosofia e linguaggio. Trad. e org. Domenico Jervolino. Milano:<br />

Edizioni Angelo Guerini e Associati, 1994, p.77.<br />

68<br />

Cf. MORA, op. cit., v.3, p.1328 e v.1, p.311; GRONDIN, op. cit., p.209-212; MARCONETTI, Supl<strong>em</strong>ento…,<br />

op. cit., p.134.<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!