subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1.1.4 – Hermenêutica pietista – Francke e Rambach<br />
Muitas hermenêuticas especiais surgiram desde então, como aquelas de escopo<br />
jurídico ou teológico. Quanto à essa última, merece destaque a contribuição do pietismo, que<br />
realizou a passag<strong>em</strong> da hermenêutica protestante original à Schleiermacher. Para a<br />
hermenêutica pietista, principiada por Augusto Germano Francke (1663-1727) 29 , a<br />
universalidade do afetivo era a principal marca: cada palavra brota do íntimo da alma e<br />
reserva um afeto. Interpretar consistiria, pois, <strong>em</strong> recuperar o sentido espiritual dos textos,<br />
sobretudo os da Escritura 30 .<br />
Também Joham Jacob Rambach (1693-1735) envolveu-se nessa <strong>em</strong>presa e<br />
apresentou, na obra Institutiones hermeneuticae sacrae (1723) a tese de que a interpretação<br />
supõe conhecer os afetos do autor. O afeto seria, nisso, a anima sermonis (alma do discurso) e<br />
aquilo que se quer passar para o leitor através dos textos. Muito relevante nessa corrente<br />
pietista foi o princípio da “subtilitas applicandi”, a qual propunha ir além de procurar<br />
entender e explicar o afeto da Escritura: importa gravar o afeto da Escritura no afeto do<br />
ouvinte, como que numa tradução (ερµηνευειν) de sentidos. A hermenêutica pietista produziu<br />
muito mais efeitos do que aquelas de Dannhauer, Chladenius e Meier, e exerceu alguma<br />
influência na hermenêutica cont<strong>em</strong>porânea 31 .<br />
1.1.5 – Hermenêutica romântica – Ast, Schlegel e Schleiermacher<br />
O período de transição entre o Esclarecimento e o Romantismo (século XVIII e<br />
XIX) foi selado pela descontinuidade: seus autores já não r<strong>em</strong>etiam às hermenêuticas<br />
universais que os precederam – muito <strong>em</strong>bora viess<strong>em</strong> a lançar mão de conceitos s<strong>em</strong>elhantes<br />
– além de não se preocupar<strong>em</strong> com a publicação de seus trabalhos hermenêuticos, a qual<br />
coube aos seus discípulos 32 .<br />
29<br />
Cf. “Francke, Herman”. In: SCHLESINGER, Hugo e PORTO, Humberto. Dicionário enciclopédico das<br />
religiões. Petrópolis: Vozes, 1995, vol.1, p.1114.<br />
30<br />
Cf. GRONDIN, op. cit., p. 114.<br />
31 Cf. Id., p.114-116.<br />
32 Cf. Id., p.117s.<br />
20