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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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projeto de uma hermenêutica positiva teria sido, porém, uma mera “filha do historicismo”,<br />

porquanto não seriam as regras que mitigariam o condicionamento da historicidade 69 .<br />

Jürgen Habermas (nascido <strong>em</strong> 1929), por sua vez, propusera uma crítica<br />

libertadora das ideologias <strong>em</strong> detrimento da universalização do conceito hermenêutico de<br />

compreensão. Habermas não contestou a pretensão gadameriana da universalidade da<br />

hermenêutica. Sua objeção era mais secundária: fazendo uso da crítica das ideologias e da<br />

psicanálise freudiana, ele afirmava que os conceitos de tradição e de autoridade iriam de<br />

encontro aos avanços do Iluminismo e que Gadamer teria deixado de reconhecer os limites da<br />

linguag<strong>em</strong> 70 .<br />

Até 1970, Habermas procurou relativizar o que considerava ser uma oposição<br />

gadameriana entre a verdade e o método e propôs uma cientificidade metodizante e<br />

objetivadora no âmbito social, dispondo da crítica social freudiano-marxista. Gadamer<br />

respondeu que jamais intentara opor verdade e método, senão negar que a verdade somente<br />

pudesse ser alcançada pelo método; retrucou, ainda, que a psicanálise não poderia ser aplicada<br />

à ciência social 71 .<br />

A partir dessa objeção, ocorrida na década de 80, Habermas procurou outros<br />

fundamentos para desenvolver seu pensamento, servindo-se de Wittgenstein para elaborar<br />

uma teoria do agir comunicativo baseada na pretensão de validade do uso da linguag<strong>em</strong>, que<br />

visaria comunicação e compreensão – o que difere pouco <strong>em</strong> relação ao pensamento de<br />

Gadamer, paradoxalmente. A partir de então, Habermas fez da universalização da<br />

compreensão-dialógica como o fim (telos) do uso da linguag<strong>em</strong> e deduziu disso pressupostos<br />

éticos, que constituíram o que lê chamou de “Ética do discurso”. Karl-Otto Apel deu<br />

seguimento a essa proposta e elaborou uma “macroética planetária”, asseverando que a ética<br />

já estaria pressuposta nos atos de linguag<strong>em</strong> pelos quais se compreende intersubjetivamente o<br />

sentido e a validade dos enunciados. Para ambos – como também para Adorno – a crítica das<br />

ideologias seria uma espécie de hermenêutica porque explicar os fenômenos sociais suporia<br />

69 Cf. GRONDIN, op. cit., p.212-214.<br />

70 Cf. Id., p.215-217.<br />

71 Cf. Id., p.217-220.<br />

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