18.04.2013 Views

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

122<br />

• Via-longa: essa expressão denota que a prática do aconselhamento filosófico<br />

exige um esforço laborioso e paciente, tanto por parte do aconselhador, quanto do<br />

aconselhado. Trata-se de um caminho que não se deixa seduzir por respostas<br />

simples e prontas, mas aceita todos os desvios e mediações necessárias à reflexão<br />

– de modo que a compreensão de si mesmo ou autoconsciência não é ponto de<br />

partida, mas uma tarefa.<br />

• Explicação-compreensão: “explicar mais para compreender melhor” pode ser<br />

assumido como uma das posturas mais fundamentais no aconselhamento<br />

filosófico. Agindo conforme essa dialética, o aconselhado seria estimulado a<br />

expressar na linguag<strong>em</strong> seus conteúdos noéticos e, com estímulo e auxílio do<br />

aconselhador, decomporia os vários significados de suas vivências – momento da<br />

explicação – para, a partir de então, promover a síntese desses conteúdos<br />

elaborando novos sentidos – momento da compreensão.<br />

• Narrativa: essa categoria está diretamente ligada à anterior e revela que é a<br />

narrativa de uma vida que brota do exercício de explicação-compreensão. Para<br />

contar a própria vida, o aconselhado precisaria <strong>em</strong>penhar-se para compor um<br />

enredo a partir dos vários personagens (reais), acontecimentos e ações de sua<br />

vida, o que exige um exercício racional de conectar esses vários el<strong>em</strong>entos de<br />

acordo com a t<strong>em</strong>poralidade. O fato de que o si não pode deixar de ser ativo e<br />

narrador indica que ele é convocado a construir a sua vida como se compõe um<br />

po<strong>em</strong>a.<br />

• Identidade narrativa: ao elaborar uma narrativa, o aconselhado faz-se, ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po, autor e personag<strong>em</strong> da história que é contada. T<strong>em</strong>-se, pois, a construção<br />

da identidade pessoal do próprio aconselhado, que se reconhece enquanto id<strong>em</strong><br />

(mesmidade do caráter) e enquanto ipse (si-mesmo <strong>em</strong> meio às mudanças), de<br />

modo que o sujeito se percebe como ser efetivo e poderoso, ao mesmo t<strong>em</strong>po –<br />

porque ligado a uma série de outros personagens.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!