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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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intencionalidade como a maior descoberta fenomenológica, porquanto supõe que a<br />

consciência de algo é s<strong>em</strong>pre antes consciência de si 115 .<br />

É aí, pois, que surge a necessidade da Hermenêutica, quando o “método<br />

fenomenológico entrelaça os fios da ‘verdade’, que se ‘dá a pensar’ <strong>em</strong> Ricoeur segundo o<br />

estilo fragmentário da mediação dos sinais” 116 . Realizar a “experiência integral do Cogito”<br />

necessita, portanto, assumir a “existência como corpo”, sede do involuntário, o que rompe<br />

com o primado da representação teórica do Cogito cartesiano e, por conseguinte, mostra que o<br />

sentido se encontra fragmentado no variado ser da circunstancialidade humana. O Cogito<br />

integral supera a rígida divisão entre sujeito e objeto, pela qual são delimitadas as áreas<br />

específicas das ciências do espírito e das ciências naturais 117 .<br />

Destarte, a intenção de Ricoeur – sintetizada leitmotiv “explicar mais para<br />

compreender melhor” – é a de superar qualquer presunção de absolutismo, seja para o lado do<br />

corpo, seja para o da alma, como ficou marcado pelo dualismo cartesiano. O Cogito integral<br />

torna-se, pois, uma “comum <strong>subjetividade</strong>”, que une estruturas voluntárias e involuntárias,<br />

aduzindo, além disso, uma liberdade que oscila entre a iniciativa e a necessidade, a<br />

independência e a dependência, o agir e o padecer. Assim,<br />

o nexo entre o voluntário e o involuntário não se encontra no limite extr<strong>em</strong>o<br />

de dois universos de discurso, <strong>em</strong> que um seria uma reflexão sobre o<br />

pensamento e o outro uma física do corpo; a intuição do Cogito é a intuição<br />

mesma do corpo unida ao querer, que o suporta e que o domina 118 .<br />

Um discurso que se restringe ao nível descritivo – próprio da fenomenologia – não<br />

é suficiente para estabelecer o vínculo entre a vontade e o corpo. Exige-se, pois, uma<br />

participação ativa da própria “encarnação como mistério”, isto é, uma passag<strong>em</strong> da<br />

objetividade à existência, essa marcada pelo paradoxo e pelo conflito. O que Ricoeur aponta<br />

é, pois, que o método não pode suplantar a verdade, isto é, que as exigências metodológicas<br />

da descrição não pod<strong>em</strong> mitigar a experiência global de ser-encarnado. É a própria finitude<br />

humana que impossibilita soluções que se consider<strong>em</strong> últimas. Não significa, porém, uma<br />

115<br />

Cf. IANNOTTA, op. cit., p.14s.<br />

116<br />

Id., p.15.<br />

117<br />

Cf. Id., p.15s.<br />

118<br />

Cf. Id., p.17.<br />

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