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subjetividade em paul ricoeur.pdf - FILOSOFIANET

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qualquer “amálgama ontoteológico” 112 . Distintamente de Lévinas, Ricoeur não deixaria que a<br />

fé ultrapassasse a filosofia 113 .<br />

2.2 – HERMENÊUTICA FENOMENOLÓGICA<br />

A “via longa” da filosofia <strong>ricoeur</strong>iana segue da fenomenologia à hermenêutica<br />

passando pelos signos. Ricoeur toma por pressuposto essa Fenomenologia husserliana –<br />

mormente o conceito de Lebenswelt (mundo-vida) – para desenvolver seu caminho<br />

hermenêutico e afirma, na obra O conflito das interpretações, que a Hermenêutica é um<br />

“enxerto” na Fenomenologia, ilustrando a continuidade entre uma e outra.<br />

2.2.1 – Momento fenomenológico<br />

É na obra Philosophie de la volonté I. Le volontaire et l’involontaire (1950) que<br />

Ricoeur situa sua discussão no nível fenomenológico, ao asseverar que “a tarefa de uma<br />

descrição do voluntário e do involuntário é propriamente aquela de aproximar-se de uma<br />

experiência integral do Cogito, até os limites da afetividade mais confusa” 114 . A redução<br />

eidética operada nessa obra recai sobre os fatos da culpa e da Transcendência, com o fim de<br />

alcançar o sentido do voluntário e do involuntário. Assim, ao voltar-se ao “território do<br />

sentido”, o autor escapa da sujeição à coisa-<strong>em</strong>-si e intenta abrir-se à “constituição” da coisa,<br />

ou seja, à atividade pela qual a consciência confere sentido aos objetos – não de modo<br />

imediato, mas através de um processo no qual as sínteses ativas (sobre as quais se formulam<br />

os aspectos da coisa) s<strong>em</strong>pre r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> às sínteses passivas, que são mais radicais. Da mesma<br />

forma que com a coisa, a consciência não é capaz de r<strong>em</strong>eter a dados originais a respeito de si<br />

mesma, o que descarta a pretensão de “transparência absoluta”. Eis porque Ricoeur aponta a<br />

112 Cf. RICOEUR, O si-mesmo como um outro, op. cit., p.36s.<br />

113 Cf. DELACAMPAGNE, Christian. História da filosofia no século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997,<br />

p.266. Essa afirmação a respeito de Lévinas é contestada <strong>em</strong> COSTA, Márcio Luis. Lévinas. Uma introdução.<br />

Petrópolis: Vozes, 2000, p.215: “o pensamento filosófico de Lévinas não é uma teologia”.<br />

114 RICOEUR apud IANNOTTA, op. cit., p.14. A tradução italiana apresenta “evidenza integrale del Cogito”<br />

(evidência integral do Cogito); no entanto, na página seguinte, há duas referências à citada passag<strong>em</strong> dizendo<br />

“esperienza integrale del Cogito” (experiência integral do Cogito), o que pode ser sinal de um erro de tradução.<br />

Como não se dispõe da versão original francesa para verificar, preferiu-se utilizar o termo “experiência”, que<br />

parece estar mais de acordo com o pensamento de Ricoeur.<br />

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