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ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DA HERMENÊUTICA RICOEURIANA 39
2 – ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DA HERMENÊUTICA RICOEURIANA Se inicialmente, em Da interpretação, Ricoeur entende a atividade interpretativa como “um trabalho de compreensão visando a decifrar os símbolos” e define símbolo como “uma expressão lingüística de duplo sentido que requer uma interpretação” 91 , é sobretudo a existência humana o objeto principal dessa atividade. Com Marx, Nietzsche e Freud – a quem conferiu o divulgado adjetivo de “mestres da suspeita” – Ricoeur percebe a ilusão da consciência imediata (o cogito): o sujeito não pode ser considerado idêntico à consciência, o que leva Ricoeur a unir a Hermenêutica à Fenomenologia, na atestação de uma existência de caráter problemático 92 . Para esse filósofo, o horizonte da interpretação, no qual se pode perguntar pelo sentido, não é lugar sereno, mas acidentado, o que não impede que Ricoeur proponha a transformação do mundo mediante a interpretação 93 . 2.1 – A “VIA LONGA” E SUA PROPOSTA DE CÍRCULO HERMENÊUTICO A Hermenêutica ricoeuriana insere-se num topos de franco diálogo com Heidegger e Gadamer, porquanto os três são unânimes no enfoque ontológico 94 – embora para Ricoeur a Ontologia seja o ponto de chegada e não o de largada, como afirmava Heidegger 95 . Sua Hermenêutica é desenvolvida a partir da Fenomenologia e dirige-se a uma investigação 91 Cf. RICOEUR, Da interpretação, p.19. 92 Cf. NOVASKI, op. cit., p.112-116. 93 Cf. HOMEM, Edson de Castro. Considerações sobre a obra “Conflit des interprétations. Éssais d’Herméneutique de Paul Ricoeur”. Uma proposta de leitura. Reflexão. Revista quadrimestral do Instituto de Filosofia PUC-Campinas, ano XXII, n.69 (A Hermenêutica de Paul Ricoeur), set.-dez.1997, p.123; DANESE, op. cit., p.51. 94 Cf. MORA, op. cit., p.1328. 95 Cf. NOVASKI, op. cit., p.111. 40
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