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198Impressionara-me profundamente a obra de AnselmoDuarte, quando a assisti em abril último,antes de Cannes. Revi ontem, com a mesma emoçãoprofunda, a transposição dessa peça do teatrobrasileiro moderno para os quadros do cinema,brasileiro, principalmente. Cinema genuíno, originale sem imitações. Filme que, prendendo-se aoregional, ao nacional, se integra no universal e que,por ser a partícula de uma comunidade, é a célulade uma universidade. Cinema de linhas simplesmas de realização tão complexa, exatamente porse relacionar a uma intriga de raízes psicológicas,sociológicas, sentimentais e telúricas tão íntimas.Mas, apesar de contar com recursos que o teatronão possui, não quis Anselmo Duarte fugir dadimensão geográfica e dramática ideada por DiasGomes em sua peça, limitando, como num desafiotoda a ação cinematográfica ao âmbito muito restritodo adro da igreja de Sta. Bárbara, palco (e essetermo vem a calhar, justíssimo) de toda a tragédiadaquele homem rústico, que faz de sua promessauma questão de honra e de dignidade. O adro deSta. Bárbara seria assim um início e um fim. Iníciodo cumprimento da palavra dada e fim da vida deZé do Burro. E em redor desse pequeno mundo, agirar, como satélites, as personagens secundáriasda ação, atraídas pela força centrípeta do dramainterior de Zé do Burro, gerada naquele diálogode surdos, entre ele e o padre Olavo. Um, firmadoem sua fé de homem simplório, curtida ao sol dosertão. Outro, apoiado nos espeques do dogma,

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