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84dos pais, como certos bezerros crescidos que, aoinvés de trotar pelos pastos, com aquele sentimentode independência próprio dos verdes anos,ficam à sombra dos currais, à espera da alimentaçãomaterna, como parasitas incorrigíveis. Comesse material humano – o mesmo com que o cinemanorte-americano e o de outras procedênciasrealizaria inumeráveis películas sobre a chamada“juventude transviada” – Fellini compôs peça satírica,cruel e impiedosa, ainda que narrada sobum tom inocente. Há seqüências de um extremodespojamento formal, a contrastar com o pesocompacto de seu conteúdo: os “vitelloni” nas ruasprovincianas de Pesaro, à noite, a passear a suavadiação; a caricatura crua do baile de carnaval, a“ressaca” de Alberto, a fuga de sua irmã, tudo aacontecer como se o carnaval ainda continuasse;o grotesco do espetáculo de variedades, as pobresfiguras do velho comediante e de suas atrizes; e,na seqüência final, a ternura tépida da partida de“Moraldo”, o esboço do homem solitário, a contemplardo trem, já em movimento, a paisagemhumana que deixaria para trás, no prosaísmo deseus lares, uns ainda a dormir, outros já às voltascom suas ocupações cotidianas, todos mostradosdo ponto de vista de Moraldo, como se fossemvistos da própria janela do trem. E a última cena,o momento chapliniano muito puro escurece porsobre o vulto de “Guido”, o pequeno amigo dasmadrugadas, a equilibrar-se nos trilhos, essasparalelas que nem no infinito se encontram, o

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