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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&TEntretanto, po<strong>de</strong>-se notar que a inserção no sistema <strong>de</strong> uma ponta, ou mesmo <strong>de</strong> umalâmina, aumenta <strong>de</strong> forma exponencial a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se usar a mão como forma <strong>de</strong>provocar <strong>da</strong>no. Em última análise, um tiro executado com arma <strong>de</strong> fogo aten<strong>de</strong> aomesmo princípio: uma forte panca<strong>da</strong> <strong>de</strong>sferi<strong>da</strong> com a mão.Assim, temos a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, através <strong>da</strong> analogia, que os artefatoscitados formam sistemas, compreensíveis por si ou a partir do conjunto que formam como usuário humano. Vale observar que a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> donúmero <strong>de</strong> seus elementos, mas <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s relações entre eles e, conforme acomplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> do sistema, varia em quali<strong>da</strong><strong>de</strong> a ação <strong>de</strong> suas partes (cf. WIESER, 1972,p.23). Isso vale dizer que, ain<strong>da</strong> que se possa fazer uma analogias entre arco e flecha earma <strong>de</strong> fogo, no que tange às partes do sistema, a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s relações entre aspartes (por exemplo, o modo como a energia é mobiliza<strong>da</strong> e transmiti<strong>da</strong>) faz variar emquali<strong>da</strong><strong>de</strong> a ação <strong>da</strong>s partes.Essa idéia parece servir para todos os artefatos. Alguns são extremamentesimples, e parecem não funcionar sem a presença <strong>de</strong> um operador; outros são maiscomplexos e parecem capazes <strong>de</strong> funcionar sem a presença <strong>de</strong> um operador. Por outrolado, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua aparente simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, um aspecto po<strong>de</strong> sertomado como uma espécie <strong>de</strong> analogia universal, ou seja, “a representação <strong>da</strong> mesmafunção em diversos materiais e por meio <strong>de</strong> princípios diversos”: todo artefato mobilizacerta quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria, energia e trabalho humano.É sobre o que estivemos falando até aqui. A trajetória humana po<strong>de</strong> serrepresenta<strong>da</strong>, grosso modo, como a mobilização <strong>de</strong> matéria e energia através <strong>da</strong>transformação <strong>da</strong> natureza pela via do trabalho. Mas, como vimos mais acima, esseprocesso não po<strong>de</strong> ser pensado fora <strong>de</strong> processos sócio-históricos, sob pena <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r osentido. Todo artefato contém, <strong>de</strong> certa forma, o processo sócio-histórico que o originou –ain<strong>da</strong> que a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> informação, freqüentemente, torne o processo difícil <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r.O arco e a flecha dos caçadores-coletores paleolíticos respon<strong>de</strong>u às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s <strong>da</strong>quelesgrupos, assim como a arma <strong>de</strong> fogo, a partir do século XIII, às <strong>de</strong> outros grupos. Ambosos processos são análogos nesse sentido, variando o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramentos em queresultam.É, neste momento, retornar ao museu como o lugar on<strong>de</strong> os vestígios <strong>de</strong>ssatrajetória se acumulam. O termo não é abusivo: são vestígios, uma espécie <strong>de</strong> “passadotangível” que, <strong>de</strong> certa forma, po<strong>de</strong> ser atribuído ao acaso e, por esse motivo, po<strong>de</strong> em220

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