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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&Teucaliptos e corte <strong>de</strong> lenha, vigias, construção civil e manutenção <strong>da</strong> vila) os homenseram mais facilmente <strong>de</strong>missíveis. As moças, quando <strong>de</strong>miti<strong>da</strong>s, retornavam à posição"natural" <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r em casa. Elas permaneciam na vila operária on<strong>de</strong> ficavam disponíveispara um retorno eventual ao trabalho no caso <strong>de</strong> retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s contratações na fábrica.Os jovens rapazes <strong>de</strong>mitidos, que não tinham lugar no universo doméstico, acabavam empouco tempo indo buscar trabalho em outro lugar. Assim, o laço mais estreito <strong>da</strong>s moçascom a casa e a família é que, paradoxalmente, podia levá-las a permanecer na fábricamais tempo que seus irmãos (exceto os que ocupavam postos especializados ou <strong>de</strong>contramestres).Assim foi que as operárias <strong>da</strong> fiação e <strong>da</strong> tecelagem formaram, a partir do finaldos anos 50, um dos grupos mais estáveis no interior <strong>da</strong> fábrica, tendo como objetivo, domesmo modo que os contramestres, terminar sua vi<strong>da</strong> profissional naquela empresa. Efoi para garantir tal possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> que esses dois grupos, até então mais passivos nosconflitos <strong>de</strong> trabalho que começaram já no inicio dos anos 50, apareceram, no início dosanos 60, como os mais mobilizados em torno do sindicato operário.Durante os anos 40 e 50, as fian<strong>de</strong>iras estiveram ao lado dos operáriosespecializados <strong>da</strong> pré-fiação <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provinha a iniciativa <strong>da</strong> maioria dos movimentosreivindicatórios e do <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>da</strong>s greves 10 . Orgulhosos <strong>de</strong> sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong>técnica, ocupando um lugar estratégico no início do processo <strong>de</strong> produção que lhespermitia bloquear to<strong>da</strong> a produção seguinte, pagos por peça como as fian<strong>de</strong>iras e astecelãs, esses operários estavam sempre vigilantes quanto às manobras, muitas vezesfraudulentas, a que se permitia a administração <strong>da</strong> empresa quando do pagamento dossalários.Ocorreram conflitos trabalhistas em torno <strong>de</strong>ssas questões, em 1943, 1952, 1954e 1956, a partir <strong>da</strong> paralisação do trabalho na pré-fiação. Não foi, aliás, um acaso o fato<strong>de</strong> ter sido este o primeiro setor atingido pela mo<strong>de</strong>rnização dos equipamentos <strong>da</strong>empresa: a organização dos operários <strong>da</strong> seção foi assim <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>, a partir <strong>de</strong> 1958, porcausa <strong>de</strong> <strong>de</strong>missões em massa e <strong>da</strong> transformação <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> exercício <strong>da</strong>profissão e <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição do posto.10 Outro lugar importante nas greves eram as seções <strong>de</strong> tinturaria e estamparia <strong>da</strong> fábrica, sessõesconstituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> operários masculinos, e que tinham o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>, paralisando o trabalho por muitos dias,fazerem apodrecer os panos já fabricados pelas seções anteriores.243

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