13.07.2015 Views

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&TSurpreen<strong>de</strong>nte para nós foi a nossa volta, em 2003, mais <strong>de</strong> vinte anos após o fim<strong>de</strong> nosso primeiro período <strong>de</strong> pesquisa entre 1976 e 1983: além <strong>da</strong> <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>populacional <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> continuar aumentando, uma auto-estra<strong>da</strong> recém-inaugura<strong>da</strong>, aPE-15, passa com suas quatro pistas ao longo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, cortando uma <strong>da</strong>s duasfábricas tradicionais <strong>da</strong> CTP ao meio. A CTP também ven<strong>de</strong>u terrenos para a companhiahabitacional estadual e vários conjuntos foram construídos entre o fim dos anos 70 até osanos 90. Entre os anos 70 e os anos 2000 a população <strong>de</strong> Paulista quadruplicou,alcançando atualmente perto <strong>de</strong> 300 mil pessoas. Se até o início dos anos 60 a vilaoperária recebia um gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> trabalhadores provenientes <strong>da</strong> área rural<strong>de</strong> Pernambuco e <strong>de</strong> estados vizinhos, isto é, do campo para o arrabal<strong>de</strong> <strong>da</strong> capital; apartir dos anos 80, com o povoamento dos novos conjuntos habitacionais, o fluxopopulacional inverteu-se <strong>de</strong> Recife para Paulista, <strong>da</strong> capital para o subúrbio <strong>da</strong> áreametropolitana.Estas transformações acabaram <strong>da</strong>ndo surgimento, numa parte <strong>da</strong> populaçãolocal, a uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação <strong>da</strong> memória social <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em seu períodopioneiro, <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial monopoliza<strong>da</strong> por uma companhia têxtil.A relação do grupo social estu<strong>da</strong>do com o seu passado já havia sido coloca<strong>da</strong>para nós pelos próprios trabalhadores em Paulista nos anos 70, com a ênfase na suatrajetória que vinha <strong>de</strong> uma origem camponesa e que <strong>de</strong>pois acompanhava um períodoem que as aparências <strong>de</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> companhia têxtil -- assim como as própriaslutas por melhorias <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> trava<strong>da</strong>s contra esta mesma companhia --passavam-lhes uma digni<strong>da</strong><strong>de</strong> adquiri<strong>da</strong> no passado diante <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s do tempopresente. Quando terminamos, em 1983, a fase mais intensa e prolonga<strong>da</strong> <strong>de</strong> nossapesquisa com os operários <strong>de</strong> Paulista, parecia-nos que estavam <strong>da</strong><strong>da</strong>s condiçõesfavoráveis para que a história e a memória <strong>da</strong>quele grupo social, que lhes <strong>da</strong>vai<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, fossem transmiti<strong>da</strong>s às gerações seguintes. Ali estava um grupo formado porrelações <strong>de</strong>nsas <strong>de</strong> parentesco e vizinhança, com uma história cheia <strong>de</strong> peripéciasenvolvendo não somente a política e a vi<strong>da</strong> social locais, mas atingindo as escalas <strong>da</strong>política estadual e nacional (com episódios logo após a Revolução <strong>de</strong> 30, no conflito pelaaplicação <strong>da</strong> lei nacional <strong>de</strong> 8 horas <strong>de</strong> trabalho; as relações entre o Estado, a CTP e osindicato durante o Estado Novo e a segun<strong>da</strong> guerra mundial; nos anos 50 e 60, atravésdo sindicalismo), com uma trajetória que se finalizava parcialmente vitoriosa através doacesso à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s casas <strong>da</strong> vila operária por efeito <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização trabalhista. Noentanto, a partir <strong>de</strong>ste período, em meados dos anos 80, transformaram-se as própriascondições do modo <strong>de</strong> geração dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong>quele grupo operário. Declinaram as234

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!