13.07.2015 Views

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&TPoupa<strong>da</strong>s, temporariamente, <strong>da</strong>s reestruturações associa<strong>da</strong>s à contração doemprego <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong>s mo<strong>de</strong>rnizações, as fian<strong>de</strong>iras e tecelãs "her<strong>da</strong>ram" acombativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus companheiros <strong>de</strong>mitidos, na conjuntura do início dos anos 60.Elas já os secun<strong>da</strong>vam na organização coletiva <strong>da</strong>s reclamações dos operários contra acompanhia, que se tornaram numerosas nos anos 50, assim que se institucionalizoulocalmente a Justiça do Trabalho com a criação <strong>de</strong> um tribunal <strong>de</strong> primeira instância, em1944. E essas mesmas operárias tomaram parte ativa nas lutas que se <strong>de</strong>senvolveramem 1962 no interior do sindicato, visando à renovação <strong>de</strong> sua diretoria 11 .Tal dinamização sindical no início dos anos 60 não seria possível sem aimportância que teve a Juventu<strong>de</strong> Operária Católica para reunir as diversas experiênciasvivi<strong>da</strong>s pelos jovens trabalhadores ao longo do processo brusco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senraizamentocamponês e <strong>de</strong> acelera<strong>da</strong> obreirização. As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que foram até o iníciodos anos 50 um instrumento a serviço <strong>da</strong> dominação simbólica <strong>da</strong> CTP sobre as famíliasoperárias e, mais particularmente, sobre essa parte estratégica <strong>da</strong> força <strong>de</strong> trabalho queeram os jovens, <strong>de</strong>sempenharam <strong>de</strong>pois um papel no distanciamento <strong>de</strong>ssa geração <strong>de</strong>“jocistas” em relação à companhia e, inclusive, em sua oposição, no momento em que aempresa mudou as regras do jogo, com as <strong>de</strong>missões superando as admissões 12 .O auge do conflito com a companhia, a greve <strong>de</strong> 1963, permanece como umcontraponto às marcas que aparecem naquele tipo i<strong>de</strong>al elaborado pelos ex-operários <strong>da</strong>fábrica sobre o passado <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Se as representações coletivas dos operários situamas origens <strong>da</strong> saga <strong>da</strong> companhia e <strong>de</strong> si próprios na personalização patronal teatraliza<strong>da</strong>na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias no mundo <strong>da</strong> fábrica, também o fim <strong>de</strong>ssa antiga relação <strong>de</strong>dominação interioriza<strong>da</strong> e legitima<strong>da</strong> tem por auge uma encenação tambémpersonaliza<strong>da</strong> <strong>da</strong> revolta. Tendo os piquetes <strong>de</strong> greve paralisado as duas fábricas e aci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a própria água e a energia que servia à casa gran<strong>de</strong> é raciona<strong>da</strong>, através <strong>da</strong>paralisia <strong>da</strong>s cal<strong>de</strong>iras e do setor elétrico <strong>da</strong> fábrica assim como do bloqueio <strong>da</strong> leva<strong>da</strong> <strong>de</strong>11 O surgimento <strong>de</strong>ssas carreiras <strong>de</strong> operárias e o papel que as mulheres pu<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>sempenhar naconstituição <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> social no interior do grupo relacionam-se com a participação <strong>de</strong> um bomnúmero <strong>de</strong>ntre elas nas associações religiosas locais patrocina<strong>da</strong>s pela companhia. To<strong>da</strong>s aquelas jovensque haviam começado a trabalhar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 12-14 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, cansa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> trabalho,encontravam finalmente na JOC (Juventu<strong>de</strong> Operária Católica) ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que as motivavam e lhesproporcionavam a formação e as relações sociais não recebi<strong>da</strong>s na escola <strong>da</strong> companhia, muito improvisa<strong>da</strong>e pouco freqüenta<strong>da</strong> pelas crianças operárias, mais volta<strong>da</strong>s para o aprendizado direto do trabalho na fábrica(cf. ALVIM; LEITE LOPES, 1990).12 A experiência <strong>de</strong> implantação local do Partido Comunista, a partir <strong>de</strong> 1945, foi, <strong>da</strong>do o controle exercidopela CTP na locali<strong>da</strong><strong>de</strong>, feita <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o envio <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> jornais até a fixação <strong>de</strong>operários vindos <strong>da</strong>s fábricas <strong>de</strong> Recife –, o que trazia riscos para a segurança pessoal dos militantes. Emcontraste com esse tipo <strong>de</strong> ação incentiva<strong>da</strong> <strong>de</strong> fora, a reconversão política dos militantes <strong>da</strong> JOC constituiuuma <strong>da</strong>s principais mediações através <strong>da</strong>s quais o movimento <strong>de</strong> oposição à CTP se enraizou na populaçãolocal. Essa volta do sistema contra si mesmo acelerou a emergência e a explicitação <strong>de</strong> conflitos.244

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!