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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&Talguns problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m conceitual e prática se impõem. Em primeiro lugar, a<strong>de</strong>finição mesma do que é, e para quem, patrimônio cultural; em segundo, a distinçãoentre patrimônio material e imaterial, pois em muitos casos essa distinção não é banal;em terceiro, a <strong>de</strong>finição do que é, e para quem, tradicional – especialmente quando setrata <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> técnicas (<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico).Regina Abreu propõe uma <strong>de</strong>finição que, embora seja consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> provisória, aju<strong>da</strong> aequacionar em bases razoavelmente bem alicerça<strong>da</strong>s a relação entre diferentes modos<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> saber. Segundo esta autora, por conhecimentos tradicionais <strong>de</strong>ve-seenten<strong>de</strong>r aqueles saberes que são “<strong>de</strong>finidos como inovações e criações <strong>de</strong> basetradicional, resultantes <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual” <strong>de</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são “produtoras <strong>de</strong>saberes singulares, específicos e únicos” (ABREU, 2003, p. 39).Com relação ao patrimônio intangível, também dito imaterial, importa, ain<strong>da</strong>,discutir a base conceitual que sustenta discursivamente a categorizaçãointangível/imaterial. O que constitui o cerne <strong>de</strong>ssa questão, certamente i<strong>de</strong>ológica (lógicae argumentativa; teórica e política) e, por conseguinte, discursiva, é o recurso a umataxonomia que distingue material/tangível <strong>de</strong> um lado e imaterial/intangível <strong>de</strong> outro e,subjacentemente, um controle sígnico-semântico que unidireciona os sentidos dos doistermos-chave. Depurando-os e, ao mesmo tempo e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>ssesmecanismos <strong>de</strong> controle, produzindo enunciados e conceituações que não silenciam osequívocos.É assim que, em relação a qualquer política patrimonialista, cabe in<strong>da</strong>gar acerca<strong>da</strong>s conexões histórico-culturais dos processos <strong>de</strong> patrimonialização com as reali<strong>da</strong><strong>de</strong>slocais, ou seja, com as condições materiais produtoras dos objetos que são alvo <strong>de</strong>ssesprocedimentos. Este tipo <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gação justifica-se, pois se não se levar em conta amateriali<strong>da</strong><strong>de</strong>, isto é, a historici<strong>da</strong><strong>de</strong>, dos elementos culturais objetos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>patrimonialização, subsiste o risco <strong>de</strong> serem instituí<strong>da</strong>s efetivas representações noimaginário social que, efetivamente, não representam na<strong>da</strong>.Essas consi<strong>de</strong>rações remetem, por sua vez, à constatação <strong>de</strong> que, para serefetiva, a patrimonialização <strong>de</strong>ve respal<strong>da</strong>r-se na noção <strong>de</strong> valor. Ou seja, <strong>de</strong>veconsi<strong>de</strong>rar que todo bem tangível ou intangível relaciona-se histórico-social e, portanto,culturalmente, à existência <strong>de</strong> valores diferenciados (contraditórios e <strong>de</strong>siguais) que to<strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> humana, momentânea e circunstancialmente, confere a esses bens. Issoimplica atentar para o que esses valores significam nessas e para essas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s,sendo elas também sociohistoricamente circunscritas (KONDER, 2002). Parafraseando o359

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