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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&Tapud GAMA, 1985, p.156) Supondo que o pilão manual (conhecido entre os índiosbrasileiros) seja um antecessor do monjolo, essa continui<strong>da</strong><strong>de</strong> não se <strong>de</strong>u na Américapré-cabralina 6 . Isso nos permite a conclusão <strong>de</strong> que, nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s indígenas, não eranecessário mobilizar mais energia do que aquela produzi<strong>da</strong> pelos próprios integrantes. Jáo monjolo implica na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilizar energia <strong>de</strong> forma contínua, e umconseqüente conhecimento <strong>de</strong> materiais e técnicas <strong>de</strong> fabrico. Tanto a mão-<strong>de</strong>-pilãoquanto a haste e a forqueta precisam ser feitas <strong>de</strong> uma ma<strong>de</strong>ira dura: maçaranduba,limoeiro, guatambu, canela-preta, peroba. Não é necessário que as medi<strong>da</strong>s sejamprecisas, mas um gabarito mínimo <strong>de</strong>ve haver, posicionando as diversas partes dosistema e permitindo sua montagem. Deve-se também observar que esse sistema,enquanto usado para o trabalho específico <strong>de</strong> moer grãos, tornava <strong>de</strong>snecessário o uso<strong>de</strong> peças <strong>de</strong> cantaria ou metal, o que exigiria, possivelmente, uma divisão <strong>de</strong> trabalhomais complexa. O corte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras duras, assim como o aparelhamento <strong>da</strong>s mesmasexigiu, para maior eficiência, lâminas <strong>de</strong> metal, mas não estamos falando <strong>de</strong> umasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> fecha<strong>da</strong>, embora <strong>de</strong> relações econômicas menos complexas.A água movimenta o sistema. Já falamos <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, para os trabalhos <strong>de</strong>uma fazen<strong>da</strong>, <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> córregos ou riachos, como fontes <strong>da</strong> energia <strong>da</strong> águacorrente. Mas a água corrente precisa chegar até os maquinismos. Isso era feito através<strong>de</strong> uma calha, chama<strong>da</strong>, em geral, <strong>de</strong> “bicame”, “bica” ou “rego”, origina<strong>da</strong> num cursod´água qualquer <strong>de</strong> volume razoável.A simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> do mecanismo tem a contraparti<strong>da</strong> nas suas limitações.Sua veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionamento é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> e ao mesmo tempolimita<strong>da</strong> tanto pelo fluxo <strong>de</strong> água quanto pela posição do eixo <strong>da</strong> haste.Este ponto é importante, pois vai <strong>de</strong>finir a força do impacto <strong>de</strong>ntro dopilão e, ao mesmo tempo, impor o limite <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> ao equipamento.(GUIMARÃES, 2008, p.13)Em alguns casos, é necessário construir um tanque, para otimizar oaproveitamento <strong>da</strong> água, mas isso acontece quando o sistema atinge maioresproporções. Em geral, a otimização é <strong>de</strong>snecessária, visto que as condições <strong>de</strong> utilizaçãodo sistema tornam o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> água um fator que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scartado comoproblema. É interessante observar que, no interior <strong>de</strong> Minas, se costuma dizer que omonjolo é “trabalhador sem jornal”, ou seja, sem pagamento. De fato, esse dito se aplicaconforme se observa as condições pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s forças produtivas, quecondiciona uma cultura material rústica, correspon<strong>de</strong>nte a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s materiais <strong>de</strong>6 A origem <strong>de</strong>sse artefato seria chinesa, e sua introdução no Brasil teria sido feita por Brás Cubas, naprimeira meta<strong>de</strong> do século 16 (cf. John Mawe, 1812, apud GUIMARÃES, 2004, p.13)225

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