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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&TNas fábricas remanescentes intensifica-se aquilo que já se passava anteriormenteno distrito industrial, a saber, as técnicas <strong>de</strong> trabalho por produção responsabilizandopequenos grupos <strong>de</strong> operários, o que faz intensificar o processo <strong>de</strong> produção e dificulta asoli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os trabalhadores. Também tais modificações na produção incorporamao mesmo tempo lições <strong>da</strong>s lutas entre operários e administrações fabris em escalacomparativa internacional incluindo aí a própria luta pela imposição <strong>de</strong> novas categorias eclassificações. Assim, se por um lado, tais fábricas ten<strong>de</strong>m a diminuir sua força <strong>de</strong>trabalho com reorganizações produtivas e mo<strong>de</strong>rnizações tecnológicas, tornando-setambém raras na região nos últimos anos, por outro procuram impor uma novahegemonia mais sutil, mas não menos intensa, a começar pelo banimento do uso <strong>da</strong>spalavras operário, em favor <strong>da</strong>s categorias em torno <strong>da</strong>s <strong>de</strong> operador e colaborador.Além disso, a própria <strong>de</strong>signação <strong>da</strong> profissão como a <strong>de</strong> tecelão passa a neutralizar-se<strong>de</strong> seus significados históricos implícitos através <strong>da</strong> <strong>de</strong> operador têxtil, colaboradorpolivalente próprio a trabalhar em qualquer setor.Assinala-se assim, com essas duas vertentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sindustrialização, otransbor<strong>da</strong>mento do mundo social criado pela antiga fábrica e sua vila operária,fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e do município. Transbor<strong>da</strong>mento gra<strong>da</strong>tivo <strong>de</strong>vido às tensões econflitos no interior <strong>de</strong>sse mundo social, alimentados por processos gerais externos àci<strong>da</strong><strong>de</strong> como movimentos e leis sociais mais amplos.Po<strong>de</strong>-se assim sintetizar este processo do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> tal transbor<strong>da</strong>mento e<strong>de</strong>clínio <strong>da</strong> industrialização tradicional <strong>da</strong> região, trazendo o fechamento ou asobrevivência <strong>da</strong>s fabricas <strong>de</strong>sfeitas <strong>de</strong> suas vilas operárias. Tendo as fábricas têxteis,constituí<strong>da</strong>s na primeira meta<strong>de</strong> do século XX, em comum entre si um estilo <strong>de</strong>industrialização procurando atrair e formar novos trabalhadores industriais, as vilasoperárias <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas têm um papel estratégico na trajetória <strong>de</strong>ssascompanhias e <strong>de</strong> seus trabalhadores. O ocaso <strong>de</strong>sse estilo <strong>de</strong> industrialização põe emevidência processos (entre outros): (i) <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s casas para ostrabalhadores e a mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> aparência e o crescimento dos bairros operários, (ii) <strong>de</strong>ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s territoriais <strong>da</strong>s empresas e <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, em alguns <strong>de</strong>stesterrenos, <strong>de</strong> novas indústrias pertencentes a uma nova era <strong>de</strong> fábricas <strong>de</strong> beira <strong>de</strong>estra<strong>da</strong> com incentivos estatais e não mais, como as antigas, implanta<strong>da</strong>s no interior <strong>da</strong>sci<strong>da</strong><strong>de</strong>s a que <strong>de</strong>ram origem ou em que tiveram uma hegemonia flagrante em seus<strong>de</strong>stinos políticos e no modo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> seus habitantes (iii) <strong>de</strong> transformação dos bairrosoperários centrados na locali<strong>da</strong><strong>de</strong> em bairros dormitórios alimentando os fluxos <strong>de</strong> umaregião metropolitana maior, (iv) <strong>de</strong> transformação <strong>da</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma geração para239

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