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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&To inicio dos anos 50 (os anos <strong>da</strong> 2ª guerra mundial e seus <strong>de</strong>sdobramentos imediatos nopós-guerra constituem-se no ponto culminante <strong>da</strong> indústria têxtil brasileira <strong>de</strong> algodão).No final dos anos 50 começa a pesar sobre a indústria têxtil <strong>de</strong> Pernambuco aconcorrência com o pólo dominante em São Paulo, com maior capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização. No período que se suce<strong>de</strong> ao golpe militar, a CTP, assim como outrasindústrias tradicionais <strong>da</strong> região, procura investir em novas instalações, máquinas eorganização <strong>da</strong> produção, tendo como contraparti<strong>da</strong> um enxugamento do quadro <strong>de</strong>pessoal, e, em particular, com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acuar os seus operários estáveis asaírem <strong>da</strong> fábrica. Essa renovação <strong>da</strong> produção conseguiu prolongar a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> CTP, nasua parte fabril, por cerca <strong>de</strong> vinte anos; a partir <strong>de</strong> 1983 a empresa passará por fortescrises, com para<strong>da</strong>s e retoma<strong>da</strong>s <strong>da</strong> produção, até fechar <strong>de</strong>finitivamente as portas emmeados dos anos 90. Situação similar é sofri<strong>da</strong> pelas <strong>de</strong>mais indústrias tradicionais <strong>da</strong>região em torno dos anos 80 e 90, com algumas poucas resistindo ao longo do tempo 7 .A segun<strong>da</strong> vaga <strong>de</strong> <strong>de</strong>sindustrialização, coincidindo com os últimos momentos <strong>de</strong>algumas <strong>da</strong>s fábricas tradicionais, atinge as novas fábricas têxteis instala<strong>da</strong>s a partir dosúltimos anos <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, com recursos e incentivos fiscais <strong>da</strong> SUDENE, que sãofiliais <strong>de</strong> empresas do sul do país, <strong>de</strong> São Paulo e Santa Catarina. Gran<strong>de</strong> parte dosoperários que iniciaram suas carreiras nos últimos anos <strong>da</strong> CTP foi absorvi<strong>da</strong> por essasnovas fábricas. Também muitos operários e suas famílias vieram morar em Paulista<strong>de</strong>vido à proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste distrito industrial; embora a organização <strong>da</strong> produção nasseções <strong>de</strong> tecelagem tenha se voltado para o recrutamento <strong>de</strong> homens <strong>de</strong>vido às novascaracterísticas <strong>da</strong>s máquinas nas indústrias mo<strong>de</strong>rniza<strong>da</strong>s, também havia gran<strong>de</strong>recrutamento <strong>de</strong> mulheres nas seções <strong>de</strong> confecção anexas em algumas <strong>da</strong>s plantasfabris. Com a conjugação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores, tais como a política fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>liberação <strong>da</strong>s importações têxteis dos anos 90, a guerra <strong>de</strong> incentivos fiscais entre osestados <strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração, entre outros, levaram gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ssas filiais para outrosestados do Nor<strong>de</strong>ste, ou a reconcentrarem-se nas fábricas originais no Sul do país. Destaforma, o município <strong>de</strong> Paulista per<strong>de</strong> suas características <strong>de</strong> concentração industrial paratornar-se mais uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> dormitório <strong>de</strong>ntre várias na região metropolitana <strong>de</strong> Recife 8 .trabalho industrial acaba formando um habitus operário peculiar na situação <strong>da</strong> forte presença <strong>de</strong> umainstituição que controla simultaneamente o trabalho e a moradia <strong>de</strong> seus subordinados. Para uma análise<strong>de</strong>stes núcleos fabris, com uma extensa documentação histórica e fotográfica, ver Correa, 1998 (com muitasfotos <strong>de</strong> Phillip Gunn).7 Tal é o caso <strong>da</strong> empresa Companhia Industrial Pirapama no município <strong>de</strong> Esca<strong>da</strong>, uns 50 km. ao sul <strong>de</strong>Recife; assim como a Cia. Industrial Pernambucana, <strong>de</strong> Camaragibe, compra<strong>da</strong> pelo grupo <strong>de</strong> São PauloBraspérola e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns anos fecha<strong>da</strong>, é reaberta pela empresa francesa Vivalin.8 Hoje uma <strong>da</strong>s fábricas que formava o conjunto industrial <strong>da</strong> CTP foi corta<strong>da</strong> ao meio pela PE-15 (umaampliação para quatro faixas <strong>da</strong> estreita estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> mão dupla que existia na direção <strong>de</strong> João Pessoa). Aconstrução <strong>de</strong>sta nova estra<strong>da</strong> é significativa <strong>da</strong> passagem <strong>de</strong> um período caracterizado pela imobilização <strong>da</strong>força <strong>de</strong> trabalho, para outro período, caracterizado pelos fluxos, inclusive pela flui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma força <strong>de</strong>trabalho que procura por emprego não mais localmente, mas em to<strong>da</strong> a área metropolitana.238

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