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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&Ttransformá-lo em outro tipo <strong>de</strong> trabalho. Basicamente, esses engenhos não fazem outracoisa que não seja or<strong>de</strong>nar e potencializar o movimento. Digamos, <strong>de</strong> maneira direta eabsolutamente precisa, que um aspecto importantíssimo <strong>da</strong> trajetória humana consisteem capturar energia.Neste ponto, po<strong>de</strong>mos falar em engenhos que se apropriam <strong>da</strong> energia cinéticasolta pela natureza e o convertem em energia pronta para ser aplica<strong>da</strong> à matéria. Nãovamos complicar apelando, por exemplo, para o arco e a flecha que já citamos. Já que éum córrego, falemos um pouco, inicialmente, do monjolo. Trata-se <strong>de</strong> um mecanismonotável pela simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e, ain<strong>da</strong> assim, pela eficiência. O monjolo permite uma analogiadireta com o sistema mão-braço-ombro, sendo perfeitamente possível inferir as relaçõesentre as partes dos sistemas, que são poucas (basicamente <strong>de</strong> 8 a 10 peças), e asrelações entre as mesmas partes do sistema orgânico humano. Usado no processamento(socagem) <strong>de</strong> cereais, ou para triturar minerais, o pilão, um tipo <strong>de</strong> martelo, écuriosamente chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> “mão-<strong>de</strong>-pilão” (note-se como as analogias orgânicas sãomuito comuns quando se fala em artefatos). Essa mão-<strong>de</strong>-pilão está integra<strong>da</strong> à umahaste feita em ma<strong>de</strong>ira durável que tem, na outra extremi<strong>da</strong><strong>de</strong>, um cocho, ou seja, umreceptáculo – o “rabo” – escavado na própria haste. As três partes formam uma únicapeça, embora tenham funções distintas. Esse conjunto está apoiado numa forqueta,chama<strong>da</strong> “virgem”, on<strong>de</strong> se apóia a haste. No receptáculo cai certa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água,que altera o equilíbrio do conjunto, ao tornar a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> do cocho mais pesa<strong>da</strong> do quea do pilão. No momento em que o <strong>de</strong>sequilíbrio acontece, a extremi<strong>da</strong><strong>de</strong> do cocho <strong>de</strong>sce,adquirindo veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> conforme mais água entra no sistema. No fim do trajeto, aaceleração aju<strong>da</strong> a <strong>de</strong>scarregar o peso extra em água, por gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O trabalho tambémserá feito por gravi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na que<strong>da</strong> do pilão sobre um outro cocho, este cheio <strong>de</strong> cereais:milho, arroz, café, amendoim, para socar. Não cabe aqui um estudo mais apurado sobreos princípios físicos, bastante complexos, que tornam esse artefato eficaz. É suficiente,pelo momento, <strong>de</strong>monstrar a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> analogia e a generalização que se tornapossível a partir <strong>de</strong>la. Ain<strong>da</strong> mais fascinante é o fato <strong>de</strong> que esse artefato tem um similarfeito para uso humano, o “pilão”, que <strong>de</strong>ve ter sido a origem do monjolo. Neste segundocaso, a analogia entre sistema e relações <strong>da</strong>s partes também é precisa.A fabricação <strong>de</strong>sses artefatos implica em uma gama <strong>de</strong> conhecimentos queconvém examinar, ain<strong>da</strong> que brevemente. Em princípio, ain<strong>da</strong> que se trate <strong>de</strong> invençõessimples, “não se trata <strong>de</strong> uma invenção realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma só vez, mas resultante <strong>de</strong> umasucessão, <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> invenções to<strong>da</strong>s elas orienta<strong>da</strong>s para o mesmo fim, ou seja,fazer aumentar continuamente as fontes <strong>de</strong> energia conforme a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>.” (Parrain,224

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