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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&Tfilósofo Cornelius Castoriadis (1992), dir-se-ia que a condição sine qua para que qualquerente sociocultural se torne patrimônio é que esse ente ou objeto signifique relativamenteà instituição social e, ao mesmo tempo, ao conjunto dos <strong>de</strong>mais patrimônios que lhe sãoequivalentes; ou seja, é preciso que co-exista e co-opere diacrônica e sincronicamentecom os <strong>de</strong>mais.Para ser patrimônio é, então, necessário que um bem ou valor se apresente comorepresentável. Isto é, que se institua na memória sócio-histórica, que seja parte(<strong>de</strong>componível) do “magma <strong>da</strong>s significações imaginárias sociais <strong>de</strong> que faz parte”(CASTORIADIS, 1987, p. 118). Nos termos <strong>de</strong> Boylan (2006), to<strong>da</strong> política <strong>de</strong>patrimonialização <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar as interações entre as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e os processos <strong>de</strong>significação que nos remetem ao processo histórico-social <strong>de</strong>ssas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. É combase nessas argumentações e em suas implicações lógico-conceituais que se evi<strong>de</strong>nciaa inextricabili<strong>da</strong><strong>de</strong> entre uma idéia, sentimento ou saber e sua materiali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Entretanto,a aceitação <strong>de</strong>sse vínculo intrínseco não implica explícita ou implicitamente encamparpressupostos ontológicos, nem o estabelecimento <strong>de</strong> vínculos causais entremateriali<strong>da</strong><strong>de</strong> e suporte.Essa condição <strong>de</strong> patrimonialização impõe que qualquer <strong>de</strong>cisão acerca <strong>de</strong> umbem tornar-se, ou não, patrimônio, <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar simultaneamente o seucondicionamento histórico e se uso social (KONDER, 2002). Entretanto, <strong>de</strong>ve-se levar emconta que as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s são constitutivamente heterogêneas e, por conseguinte,sujeitas às contradições entre as classes e as frações <strong>de</strong> classe que a compõem. Face aessas consi<strong>de</strong>rações, o que, então, estará sendo preservado a ca<strong>da</strong> variação tempocultural,ou a ca<strong>da</strong> formação cultural? Mesmo correndo o risco <strong>de</strong> extrapolar nametaforização, po<strong>de</strong>-se asseverar que o que <strong>de</strong>ve ser preservado são precisamente osobjetos ou o objetivável, ou seja, as materiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s (as teorias tal qual formula<strong>da</strong>s, osrituais e narrativas tal qual dramatizados, o corpo <strong>de</strong> crenças, as técnicas ou o saberfazer,etc.), pois são elas que, na relação com os indivíduos e a história, reclamamsentidos. A ênfase posta na materiali<strong>da</strong><strong>de</strong> do objetivável remonta, por sua vez, à tesemarxiana segun<strong>da</strong> a qual não é a consciência dos homens [o intangível] que <strong>de</strong>termina oseu ser social [a materiali<strong>da</strong><strong>de</strong>], mas, ao contrário, é a materiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s condições reais<strong>de</strong> existência que <strong>de</strong>terminam a consciência (MARX, 1978).No que tange à linguagem, por exemplo – conquanto, em linhas gerais, o mesmose aplique às teorias, aos sistemas e a todo conjunto <strong>de</strong> saberes e práticas socialmenteinstituídos e instituintes - não é possível falar <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong> linguagem e <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sentido360

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