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Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia - Museu de ...

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<strong>Cultura</strong> <strong>Material</strong> e Patrimônio <strong>de</strong> C&TEmpreendimentos maiores exigiam maior mobilização <strong>de</strong> energia, e, porconseguinte, uma tecnologia mais sofistica<strong>da</strong>. Certamente essa tecnologia já existia emobilizava as mesmas fontes <strong>de</strong> energia que atendiam as pequenas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas<strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s: os cursos d´água. Também mobilizavam matérias-primas e técnicasconstrutivas – o “saber fazer” – disponíveis na própria região. E uma a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong>técnica e <strong>da</strong> tecnologia quando a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> faz necessária.Em alguns casos, após sua consoli<strong>da</strong>ção em um <strong>de</strong>terminado campo, atécnica foi redireciona<strong>da</strong> para outra ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, como parece ter sido ocaso do engenho <strong>de</strong> pilões que, <strong>de</strong>senvolvido para a soca <strong>de</strong> grãos, foiaplicado posteriormente na mineração. (GUIMARÃES, 2008, p.12)Esse tipo <strong>de</strong> “engenho” era um aperfeiçoamento do monjolo, permitindopotencializar a energia gera<strong>da</strong> por um córrego. Só que a energia gera<strong>da</strong> pelo movimento<strong>da</strong> água ativa uma gran<strong>de</strong> ro<strong>da</strong>, que, por sua vez, aciona diversas alavancas (entre três ecinco, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> potência <strong>da</strong> corrente <strong>de</strong> água e do diâmetro <strong>da</strong> ro<strong>da</strong>. O mecanismoé “similar ao <strong>de</strong> uma caixa <strong>de</strong> música ou realejo” (a analogia, excelente, é <strong>de</strong> CarloMagno Guimarães). O artefato é interessante a começar por sua antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>. Asevidências mais recua<strong>da</strong>s <strong>de</strong> seu uso remontam à Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> greco-romana. Ohistoriador <strong>da</strong> tecnologia Michael J. T. Lewis aponta para evidências <strong>de</strong> que o engenheirogrego Philo <strong>de</strong> Bizâncio teria <strong>de</strong>scrito sistemas baseados em ro<strong>da</strong>s d´água em seutratado <strong>de</strong> mecânica, <strong>da</strong>tado do século II a. C. Outros autores gregos tambémmencionam ro<strong>da</strong>s d´água, com a função específica <strong>de</strong> moer grãos (cf. LEWIS, 1997,p.VIII-IX).Nesse sistema, a analogia com a mão-braço-ombro continua sendo possível e, atécerto ponto, evi<strong>de</strong>nte. O número <strong>de</strong> partes é que se multiplica e as relações entre elas setornem mais complexas. O aproveitamento <strong>da</strong> potência gera<strong>da</strong> pela corrente <strong>de</strong> águapassa a exigir um eixo-motor, que, por possibilitar a transmissão <strong>de</strong> energia paramúltiplas hastes, minimiza o <strong>de</strong>sperdício inerente ao mesmo e potencializa todo oprocesso. A construção dos tanques se torna necessária e exige conhecimentosespecializados, do contrário é preciso contar com um curso d´água bem mais cau<strong>da</strong>losoque um córrego. Nesse caso é até possível trazer a água por bicames <strong>de</strong> certo porte, quea fazem precipitar <strong>de</strong> altura maior. Um sistema <strong>de</strong>sses po<strong>de</strong> ser usado para produzirfarinha <strong>de</strong> mandioca, fubá, para triturar minerais, nas forjas e no tratamento <strong>de</strong> tecidos.A fazen<strong>da</strong> Cachoeira fica no município <strong>de</strong> Bom Despacho, ao lado <strong>de</strong>Martinho Campos. Funciona [o engenho <strong>de</strong> pilões] através do eixo e <strong>da</strong>spalhetas. A palheta pega o semi-eixo <strong>da</strong> mão <strong>de</strong> pilão e eleva a certaaltura. Quando termina o ciclo <strong>da</strong> palheta, ela se solta, cai e traz a mão227

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